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Luxemburgo diz que o Flamengo de Zico e mesmo o Santos campeão da Libertadors ano passado já jogavam como o Barcelona | Fabiano do Amaral / Correio do Povo
Luxemburgo diz que o Flamengo de Zico e mesmo o Santos campeão da Libertadors ano passado já jogavam como o Barcelona| Foto: Fabiano do Amaral / Correio do Povo

Longe dos holofotes, o técnico Vanderlei Luxemburgo está encantado com a estrutura do Grêmio. O treinador garante que está em um momento diferente da carreira e já passou da fase de busca por afirmação. Contratado pelo clube gaúcho no início da temporada, fez uma imersão de quatro meses no Rio Grande do Sul, para mesclar o estilo aguerrido da equipe com a técnica que tanto gosta de ver em suas equipes.

O treinador garante que aprendeu com todos no Grêmio, desde o presidente até a torcida. Sabe que o time tem chances de conquistar o Brasileiro, mas prefere desviar o foco para uma vaga na Libertadores. Em entrevista ao jornal O Estado de São Paulo nesta terça-feira (4), Luxemburgo falou sobre o futebol praticado no país, sobre a Copa de 2014 e defendeu a permanência de Neymar no Brasil.

Ao ser questionado se o Barcelona é o exemplo a ser seguido atualmente como modelo de sucesso para o futebol brasileiro, o treinador lembrou que no passado o Brasil se especializou em produzir equipes como a atual dos espanhóis.

"Existe uma desvalorização muito grande do futebol brasileiro. Falam que o Barcelona é um exemplo de time. Mas quantos times no Brasil fizemos como este? Um monte. O Flamengo de Zico tinha 70% de posse de bola. O Santos, que foi campeão da Libertadores, dava espetáculo toda hora. E é recente. Não estou criticando o Barcelona, mas é questão de olhar com bons olhos. Quando falei que iria colocar o Ronaldinho no Flamengo como o Messi joga no Barcelona, me criticaram, pois achavam absurdo não ter centroavante. É a cultura do Brasil. A Copa de 1970 foi o maior exemplo de que não precisa ter centroavante, o Tostão estava nessa posição, mas fazia igual ao Messi, atuava como meia adiantado", analisou o comandante.

Luxemburgo ainda disse que o fato de hoje o Brasil não exibir equipes com um futebol vistoso é fruto da excessiva preocupação com a defesa e da mudança do estilo de jogo dos times nacionais, que passaram a se pautar nas equipes europeias.

"Quem inventou três zagueiros no Brasil? Isso fez com que acabassem os laterais e os meias, eu venho combatendo isso há muito tempo. Quando fizemos isso na Copa de 90, fiquei muito preocupado com o futebol brasileiro. Fomos imitar os europeus, com o estilo de jogo deles, e esquecemos que tínhamos de incentivar a nossa qualidade, sem abrir mão da modernidade e do compromisso tático. O que aconteceu? Mudamos nosso estilo, perdemos a nossa irresponsabilidade na arte de jogar futebol, que é a maior qualidade que o atleta brasileiro tem. A parte individual quebra a parte tática. Não podíamos tirar essa magia" completou.

Copa 2014Já ao falar da Copa de 2014, o comandante disse que se vê como um futuro espectador da competição, embora admita que foi procurado para dirigir outras seleções. "Já tive um monte de convites, mas não me vejo trabalhando numa seleção para jogar contra o Brasil. Não me preparei para isso. O Brasil está bem encaminhado pelo Mano e vou ficar como espectador", disse, depois de revelar certa frustração ao ser questionado se pretende ajudar de alguma forma o Brasil no Mundial.

"Aqui no Brasil não chamam a gente para nada, essa é a grande verdade. Mesmo com a experiência que temos de técnico, ex-jogador, não somos chamados. Talvez o único cara que é solicitado no Brasil para tudo é o Parreira", afirmou.

NeymarGrande nome da seleção brasileira na atualidade e hoje considerado o principal trunfo para a Copa de 2014, Neymar teve a sua permanência no Brasil defendida por Luxemburgo.

"O mercado brasileiro oferece a condição de crescer aqui. Hoje, paga-se melhor que em muitos lugares da Europa. Não vai acrescentar nada para a carreira dele sair do Brasil para depois voltar e jogar a Copa do Mundo aqui. Ele está entre os três maiores jogadores do mundo e é melhor ficar aqui, corrigindo seus defeitos e ser o grande nome do Brasil. O único problema que vejo é que a imprensa criou uma proteção muito grande para o Neymar. Ele tem grande talento, mas não precisa ser protegido. Parece que não se pode marcar duro. O que não pode ser é desleal. E o Neymar está sofrendo para tirar isso de dentro dele que faz parte do processo de crescimento. A gente viu isso agora na Olimpíada, ele sofreu com isso", opinou.

GrêmioJá ao comentar sobre a atual situação do Grêmio, que hoje ocupa a terceira posição do Brasileirão, apenas três pontos atrás de Atlético-MG e Fluminense, Luxemburgo garantiu que ainda não pensa na conquista do título.

"Como posso pensar em disputa de título se estou atrás? Eu quero ir chegando mais perto. Se continuarmos vencendo e eles [líderes] também, não ganharemos. Mas se vencermos e eles não, a gente encosta. O discurso é de pensar no nosso objetivo, que hoje é o da Libertadores. Essa é a realidade. A grande mudança é que o técnico hoje tem o projeto de levar o time para a Libertadores, isso aumenta a receita em até R$ 30 milhões. Isso está dentro dos contratos formatados nos clubes com os treinadores, como meta. O São Paulo foi campeão seguido da Libertadores porque antes havia disputado seis vezes seguidas. Esse ano falei: 'Acho que o Corinthians vai ser campeão da Libertadores', pois o time vinha de várias disputas anteriores, perdendo, sofrendo. As pessoas entenderam que a Libertadores é a Liga dos Campeões da América do Sul. Isso está valorizado", analisou.

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