• Carregando...
Garotos durante treino no CDP, no Pilarzinho. Sem espaço no Trio de Ferro. | /Divulgação
Garotos durante treino no CDP, no Pilarzinho. Sem espaço no Trio de Ferro.| Foto: /Divulgação

O sonho da maioria das crianças brasileiras é se tornar jogador de futebol. Embalado por esse desejo, o Clube Desportivo Paranaense (CDP) trabalha há quatro anos em Curitiba como a ponte desses meninos e mostra a dureza que é se firmar em uma equipe de referência do futebol brasileiro.

O projeto iniciou em 2013 com João Maia, treinador de base do Atlético durante quatro anos, e Eduardo Costa, que já trabalhava observando e encaminhando jogadores para os mais diversos Estados. Com sede no time amador Vasquinho, no Pilarzinho, na região norte da capital, a ideia saiu do papel e foi colocada em prática.

“A proposta é trabalhar atletas, com treinamentos diários, e apresentar para os mais variados clubes. Fazemos amistosos, viagens de integração e campeonatos, trazendo observadores, que analisam os meninos”, contou Pedro Costa, supervisor de futebol.

Cada grupo de sua respectiva categoria faz uma viagem por ano de apresentação, jogando contra grandes clubes do estado escolhido na ocasião - em 2016 foi Minas Gerais. Durante o ano, no mínimo, 10 observadores vem a Curitiba para assistir jogos e treinos a fim de captar meninos. Existem também os casos diretos com os times, que pedem posições específicas para o CDP escolher e mandar para os responsáveis.

Apesar de residir na capital, poucos param em alguma equipe do Trio de Ferro e acabam viajando para os grandes centros.

Costa diz que a causa da dupla Atletiba e do Paraná não aceitarem tanto esses meninos é “devido a confiança no projeto do clube, nos profissionais do clube, já que eles têm suas estruturas próprias de captação”. Em conversa com os meninos, a reportagem escutou de alguns a preferência de treinar por ali do que ter uma chance local.

Os clubes que recebem jogadores do CDP são os mais variados: Flamengo, Atlético-MG, Palmeiras, Grêmio, Internacional, Cruzeiro, Vitória, entre outros, como Ferroviária-SP e Mogi Mirim-SP. Os números consolidados, entretanto, retratam a dificuldade já conhecida no caminho para se tornar um jogador de futebol. Em mais de três anos, 173 garotos foram encaminhados a equipes espalhadas pelo Brasil. Desses, 23 foram aprovados e, atualmente, somente oito continuam atuando em alguma agremiação.

“A dificuldade é a mudança repentina de vida, de ir morar longe do conforto de casa, de enfrentar culturas diferentes e porque nos clubes profissionais vc é avaliado todos os dias, tendo que estar sempre evoluindo para que não chegue outro em seu lugar. O futebol hoje é o maior vestibular que tem e nos clubes chegam meninos do Brasil inteiro e até do mundo para disputar um espaço curto e, às vezes, até já preenchido”, avaliou o supervisor.

Sem um investidor, o clube se mantém basicamente através das mensalidades. Cada garoto tem um gasto para o treinamento, o que banca o dia a dia de 16 funcionários, entre comissão técnica e parte administrativa. O valor varia de R$ 80 a R$ 150, dependendo da categoria. O Desportivo ainda possui outros dois projetos que contribuem para o caixa: o Personal Soccer e o CDP em Condomínios.

“Tivemos uma expansão grande e decidimos ter essas outras fontes de renda. Além das categorias de base, vimos essa brecha, de quem não tem possibilidade de ser levado aos treinos por pais ou responsáveis, e preferem que façam treinos nos locais onde moram. Fora o pessoal da suburbana ou a galera mais velha, que fazemos esse treinos semanais e específicos de acordo com cada necessidade”, explicou.

A intenção, em um futuro próximo, é profissionalizar o clube. Por ter um custo elevado para isso, perto de R$ 150 mil, o próximo passo é filiar como amador, mais viável, ao preço de R$ 6 mil. Esse processo já está em andamento e os dirigentes poderão, a partir da aprovação, receber o percentual de formação de jogadores em vendas futuras, além representar a equipe nas competições curitibanas. Na sequência é concretizar o sonho de ver o Desportivo em torneios da elite do Paraná.

Futsal e futebol feminino

A partir desta temporada, a agremiação estendeu o trabalho do campo para as quadras. O clube decidiu montar equipes de futsal para a Liga “Novo Futsal Paraná” (NFP) e faz avaliações semanais, de garotos de 6 aos 15 anos, em um complexo no Pilarzinho, próximo de seu local principal de treinos no gramado.

“Vamos disputar os torneios da NFP, que é a principal referência em futsal de base daqui. O campeonato começa em abril e esperamos montar um bom time. O objetivo é se tornar uma marca forte não só no futebol, mas como na quadra também. Se alguém se destacar, podemos puxar para o campo”, finalizou Costa.

Além do futsal, o CDP aproveitou a aclamação popular pós-Olimpíadas do Rio 2016 para valorizar as meninas. Em 2017, a diretoria criou sua primeira equipe de futebol feminino, com garotas de 13 a 20 anos, que treinam duas vezes na semana no campo do Vasquinho. A programação futura é seguir o mesmo caminho dos meninos, com torneios e viagens representando o clube.

Serviço

Fone: (41) 3373-8902. Endereço: Rua Raposo Tavares, 373 - Pilarzinho. Site: www.desportivopr.com.br. Horário de funcionamento: Segunda à Sexta das 8h30 - 11h30 e 13h - 17h30.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]