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Uma das principais receitas dos clubes de futebol, as cotas de televisão estão na mira da Câmara dos Deputados, em Brasília. Proposta elaborada pelo deputado federal Raul Henry (PMDB-PE) detonou um processo capaz de modificar a estrutura do esporte no Brasil.

INFOGRÁFICO: Confira os valores que cada clube receberá nos próximos anos

O Projeto de Lei 7.681/14 pretende redefinir a distribuição do dinheiro pago pelas emissoras aos times pelos direitos de transmissão das partidas do Campeonato Brasileiro. "É preciso estabelecer um sistema mais justo, acabar com o desequilíbrio orçamentário", afirma o peemedebista.

Atualmente, as equipes negociam individualmente os valores. O esquema sugerido por Henry baseia-se em um acerto coletivo, inspirado no modelo adotado pela Premier League, o Campeonato Inglês.

De acordo com a iniciativa, do total de receita de tevê, 50% seriam divididos igualmente entre os participantes da disputa, 25% teriam como base a classificação no campeonato anterior e os outros 25% seriam distribuídos seguindo o tamanho das torcidas.

"Uma atitude precisa ser tomada. Do contrário, o futebol brasileiro não terá mais competividade no futuro", aponta Henry. "A desigualdade financeira cria um círculo vicioso que beneficia apenas os clubes mais ricos, que formam melhores times e vão ganhando cada vez mais força", completa.

Questionado se não é uma ingerência em negociações entre entidades privadas (clubes e emissoras), Henry rebate: "De forma alguma, as transmissões das partidas são concessões públicas, do Estado. Logo, podem ser perfeitamente reguladas".

Consultor de marketing e gestão esportiva, Amir Sommogi teme esse tipo de regulação. "Eu acredito que se trata de uma ingerência do poder público no futebol. Pode assustar o mercado. Na Inglaterra, quem negociou as cotas foi a própria Premier League", afirma.

Apesar disso, Sommogi acha interessante a ideia. "De fato, a distribuição é muito desequilibrada. É um modelo interessante. E considerando a dificuldade para os clubes se entenderem, mesmo sendo uma canetada pode trazer efeitos positivos para o cenário."

Os clubes menos privilegiados – casos de Atlético e Coritiba – aguardam com ansiedade. "Tomara que tenha êxito essa proposta. A divisão é completamente injusta. Cria um panorama em que poucos conseguem competir pelo título", declara Rogério Bacellar, presidente do Coxa.

Por falta de tempo, o projeto não conseguiu ser apreciado pelas comissões da Câmara neste ano. Assim, terá de ser reapresentado em 2015. Eleito vice-governador de Pernambuco, Henry deixará a Casa, mas garante a continuidade da proposta. "Tenho o compromisso do deputado Jarbas Vasconcelos, que é do meu partido [PMDB], de seguir com o projeto logo no início do ano. É algo muito importante para o desenvolvimento do futebol brasileiro", avisa.

Antes de ir ao plenário, a proposta é apresentada para as comissões de Esporte, Educação e Constituição e Justiça. Depois, deve ser aprovado pela Câmara e no Senado. Por fim, recebe a sanção presidencial.

"A experiência mostra que os projetos que têm muita repercussão na mídia correm mais rapidamente. Acredito que será o caso", confia Henry.

Pirâmide social

Confira a distribuição do dinheiro da TV entre os clubes, de acordo com o último contrato firmado entre as partes.

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