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Castorzinho, ex-promessa do Coritiba, hoje é uma das estrelas do Clube Atlético Jardim das Américas | Albari Rosa/Gazeta do Povo
Castorzinho, ex-promessa do Coritiba, hoje é uma das estrelas do Clube Atlético Jardim das Américas| Foto: Albari Rosa/Gazeta do Povo

Você já ouviu falar do Caja, o time da camaradagem? Jogar futebol é o ofício de alguns, o prazer de muitos, o sonho de quase todos os homens (e de muitas mulheres também). No Clube Atlético Jardim das Américas esse sonho é vivido semanalmente por 21 "quase jogadores" – alguns que já foram "quase estrelas". O rei do fut7 do Paraná, o Caja orgulha-se de ser um dos cinco melhores times da modalidade no Brasil.

O Fut7 é uma espécie de Society, a pelada com a turma em campo reduzido. Só que tem gente que encara isso profissionalmente. Ou semiprofissionalmente. É o caso do Caja. Segundo Gil Bueno, diretor de eventos, é desse jeito que se mantêm as atividades da equipe. "Aqui ninguém recebe salário. É na ‘brodagem’ [derivação do inglês ‘brother’, que significa irmão]", explicou. "A gente se ajuda quando alguém precisa. Se alguém tem problema de saúde na família, precisa de um remédio e não tem condições, a gente se reúne e procura ajudar", acrescentou.

O Caja é um fenômeno de títulos. Em 13 edições da Copa Kaiser de Futebol 7, o mais importante torneio estadual da modalidade, o time curitibano venceu 11. Nas duas últimas edições da Copa do Brasil e da Liga Nacional, o Caja ficou entre os quatro melhores. No Sul-Americano disputado recentemente, terminou na terceira posição. "Somos um dos cinco melhores porque merecemos, indo bem nos campeonatos", orgulha-se o presidente do Caja, Valdivino dos Reis.

Nascido em meados de 1996, o time é um clube de amigos, todos com outros empregos, mas com o sonho do futebol presente nos seus dias. "A maioria já tentou ser profissional, mas infelizmente eles não conseguiram seguir com a carreira", contou Reis.

O caso de "quase famoso" mais conhecido é o de Castorzinho. Revelação das categorias de base do Coritiba, ele chegou a fazer carreira no mundo da bola. Porém, a falta de sorte acabou lhe tirando as melhores oportunidades. "Ele joga com a gente há anos. Foi um craque. É um craque, mas infelizmente não teve as chances e o sucesso que ele realmente merecia", contou Valdivino. Via de regra, Castorzinho é o artilheiro do time e um dos jogadores mais visados pelos adversários.

Outros também tiveram suas chances e fizeram relativo sucesso em outros campos. "Tem gente aqui que fez sucesso jogando futebol de salão na Itália e viveu muito bem do esporte", conta. No Caja tem até profissional em atividade. "O Pequi jogou o Paranaense deste ano pelo Maringá, veio para cá depois e agora, ano que vem, vai jogar pela Naviraiense o campeonato do Mato Grosso do Sul".

Outra figura conhecida do time é o lateral Salário, um "quase mito" da Suburbana de Curitiba. Foi contratado pelo Paraná em 2002, passou cinco meses encostado e voltou para o amador.

Hoje disputado em quadras de 30 m x 50 m, o Futebol 7 permite que jogadores dos mais variados biótipos e, principalmente, idades, possam jogar de igual para igual. "É muito dinâmico e de alta técnica. É um jogo de alto nível", conta Reis, que clama por mais atenção de patrocinadores. Ele cita o Rio de Janeiro como exemplo, já que equipes com mais estrutura e patrocínio conseguem manter os elencos com salário e tratamento profissional.

Para que o esporte se desenvolva melhor em Curitiba e no Paraná, Valdivino sonha com transmissões esportivas para atrair patrocinadores. "A tevê tinha de abrir espaço regionalmente para o Fut7. Temos horários versáteis e o produto que o esporte oferece é muito bom", diz Reis, que é empresário e põe a marca de sua empresa como apoiadora do time. Fora sua empresa, o Caja tem outro apoiador. "A Romanha é nossa parceira. Muitos jogadores são funcionários de lá e se eles não fossem flexíveis não teríamos time para as viagens e campeonatos."

O Caja segue como um clube de amigos. Para entrar o interessado tem de ser apresentado por um membro do grupo e passar pelo crivo dos demais. Uma inclusão, no entanto, é bem rara. "Só quando falta alguém para determinada posição. Mas todos têm de aprovar o novato. Sempre com cuidado e respeito", conclui Reis.

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