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Segundo Zico, não há a menor condição de o Catar receber a Copa de 2022 nos meses de junho e julho | Mohammed Dabbous  / Reuters
Segundo Zico, não há a menor condição de o Catar receber a Copa de 2022 nos meses de junho e julho| Foto: Mohammed Dabbous / Reuters

Atualmente comandando a equipe Al Gharafa, do Catar, Zico critica a organização da Copa de 2022 no país do Oriente Médio. Segundo o Galinho de Quintino, não há condições de o país fazer o Mundial entre junho e julho, meses tradicionais em que a Copa é disputada.

Segundo o treinador, dinheiro para realizar o Mundial não é problema, já que o país é um dos maiores produtores de petróleo do mundo. A questão seria realmente as condições climáticas.

"Jogar em junho não tem a menor condição. Período de julho não dá. Falam dos estádios com ar condicionado. O problema é que Copa do Mundo não é só o jogo. Como é que você vai treinar? Vai fazer campo com ar condicionado para treinos? Não vejo possibilidade de Copa no verão", avalia o treinador brasileiro.

Zico afirma que a dificuldade maior será para as delegações e os próprios torcedores se deslocarem. "Junho, julho aqui é um forno. Não dá para sair de casa. Faz 50 graus. Ninguém sai de casa", ressalta.

Trabalho

No país-sede da Copa do Mundo de 2022, o técnico esperava encontrar uma liga forte, com a presença de estrelas do quilate de Raúl (ex-Real Madrid) e mentalidade profissional. Decepcionou-se. Estádios vazios, jogadores desinteressados e pouca visibilidade internacional foi a realidade que encontrou.

Zico admitiu que só há uma razão para trabalhar no Catar: dinheiro. "Não indicaria vir para cá para um jogador em boa fase. É para quem está em fim de carreira", disse.

Ao ser questionado sobre como é a vida no Catar e como é o futebol do país, o ex-jogador disse que falta profissionalismo aos jogadores e apontou que a mentalidade dos atletas precisaria mudar para que seja possível um crescimento.

"Aqui tudo funciona, você tem toda a infraestrutura. O país para viver é tranquilo. Tem as regras, a cultura, como em qualquer lugar, que você tem de respeitar. Só que, em um país que pretende realizar a Copa do Mundo, eu pensei que ia encontrar mais profissionalismo. Foi a única coisa que não encontrei. E eu que sempre fui um profissional a fundo, não concordo com algumas coisas que a gente vê aqui", afirma.

O Galinho diz também que mesmo sendo o país-sede da Copa seguinte à do Brasil o país tem pouco interesse por futebol. De acordo com o treinador, há toda a estrutura e craques levados do futebol internacional. Mesmo assim não há interesse do público. "Você traz profissionais de fora, paga-se muito bem, mas os estádios estão vazios, não dá motivação nenhuma. E daqui é um passo para você ir para lugar nenhum", enfatiza.

O próprio fator climático e os costumes locais foram citados pelo maior ídolo da história do Flamengo como obstáculos para o desenvolvimento no futebol no Catar. "O clima já não ajuda. Aí, no intervalo do jogo, o jogador tem de fazer a reza dele. Você tem de esperar. Eu peguei isso na Turquia, mas lá eles colocavam o futebol na frente. Pediam permissão a Alá e no dia do jogo eles se alimentavam. Aqui você vai treinar e tem três caras em jejum. O futebol, infelizmente, não comporta isso. Não pode fazer um treinamento forte. Você vai fazer uma pré-temporada, com treinamentos em três períodos, e no terceiro dia já saem quatro, que não estão preparados fisicamente, mentalmente, psicologicamente para o profissionalismo", reforça

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