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O piloto aproveitou o recesso na categoria inglesa para ficar alguns dias com a família em Curitiba | Daniel Castellano/ Gazeta do Povo
O piloto aproveitou o recesso na categoria inglesa para ficar alguns dias com a família em Curitiba| Foto: Daniel Castellano/ Gazeta do Povo

Sem trauma - Acidente é passado para piloto

Há dois anos, a intenção de Gabriel Dias era disputar a atual temporada na Fórmula Renault Francesa. Um grave acidente no final da temporada de 2008, no circuito belga de Spa Francorchamps o fez mudar de planos. "Aconteceu tudo o que poderia dar errado ao mesmo tempo. Os carros não tinham proteção traseira [crash box] e eu bati de traseira, em altíssima velocidade, onde não havia proteção de pneus", relembra.

Situação que o jovem piloto encarou com a naturalidade de veterano. "Faz parte da rotina do automobilismo. O medo maior é na hora do acidente, antes de saber o que realmente aconteceu", explica Dias, que preferiu não fazer uma cirurgia na coluna como indicaram os médicos belgas. Ele se recuperou com fisioterapia em Curitiba durante seis meses.

"Graças a Deus eu consegui voltar sem problemas, com o suporte da família, dos médicos e da equipe", conta. "Na primeira corrida depois do acidente, eu capotei. Todo mundo diz que quando um piloto capota fica mais rápido, pois você já viu que não acontece nada", brinca.

Durante a recuperação, repensou a carreira e ouviu um conselho do ex-piloto de F-1, Luciano Burti. "A Inglaterra é o país do automobilismo. Se você quer fazer carreira, precisa vencer lá", conta.

Desde o ano passado, Dias mora em uma república de pilotos em Oxford. Mesmo com todos os compromissos e viagens, fez questão de entrar na faculdade. Passou no vestibular e trancou a matrícula em engenharia civil na UFPR e na PUC.

O campeonato da Fórmula 3 Britânica recomeçou ontem, no circuito de Rockingham, na Inglaterra, após 47 dias de interrupção desde a última prova. Hoje será disputada a segunda prova da rodada dupla. Com o piloto curitibano Gabriel Dias brigando pelas primeiras posições.

A última corrida antes da Copa do Mundo de futebol, em Hockenheim, na Alemanha, foi uma das duas vencidas por ele na temporada – a outra foi em Sil­­verstone, na Inglaterra. Resultados que o levaram à quarta posição na classificação geral.

Durante as férias em Curitiba, o piloto recebeu a equipe da Gazeta do Povo, falou sobre as possibilidades na luta pelo título e projetou seu futuro no automobilismo, possivelmente na Fórmula 1.

"É um momento muito importante na minha carreira. A expectativa é terminar bem este campeonato e esperar as propostas para o ano que vem", disse Dias. Sobre o que seria "terminar bem", explica: "Entre os cinco primeiros é muito bom, entre os três é excelente. Com o título, a porta da Fórmula 1 se abre."

Ele está com 83 pontos. A liderança é do francês Jean-Eric Ver­­gne, com 161. Ainda faltam seis provas até o fim do ano e cada vitória vale 20. Dias sabe que o título é difícil, mas percebe uma evolução no carro que pode credenciá-lo a brigar.

"A equipe atualmente na liderança [Red Bull] está naquela fase em que tudo dá certo. Nós ainda não atingimos o nosso auge. O campeonato é longo. Não depende só do piloto, mas vamos tentar buscar", acredita.

A diferença para os primeiros poderia ser menor, pois, além das duas vitórias que valeram, ele levou a bandeirada em Magny Cours, na França, porém o troféu lhe foi tomado pelos fiscais de prova sob a alegação de ter queimado a largada. "É difícil dizer se foi ou não. Cabe ao piloto acatar a decisão", resigna-se.

Dias explica que o caminho natural de um iniciante, depois de boas colocações na F-3 Britâ­­nica é passar algumas temporadas na GP2. Só então, conseguindo destaque, despertar o interesse de alguma equipe na categoria principal do esporte.

"A Fórmula1 é a elite que reúne os 24 melhores pilotos do mundo. Mas existem uns 100 em condição de andar no mesmo nível. Por toda a complexidade das relações políticas, de patrocínio, alguns estão lá e outros não. Mas se o piloto consegue atingir os objetivos a chance é muito grande", explica.

Ele conta que, de acordo com a percepção dos engenheiros de sua equipe, seu estilo de pilotagem destoa dos brasileiros, que têm a agressividade como principal característica. "Erros custam muito caro hoje em dia. Falam que eu pareço um alemão, pois tento planejar a estratégia de corrida e não apenas ganhá-la a qualquer custo. O piloto tem de saber a hora certa de assumir os riscos, de não forçar ultrapassagens. Precisa saber analisar o que representa cada ato dentro do carro para o objetivo maior da equipe", ensina.

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