Impasse
Nova rodada de negociação
Marcio Reinecken e Robson De Lazzari
A realização do Copa de 2014 em Curitiba será definida amanhã. Embora a capital do estado seja uma das 12 sedes escolhidas pela CBF, será em uma reunião entre o poder público e o Atlético que ficará definido onde os jogos ocorrerão.
Endividamento sempre foi rechaçado por atleticanos
Alheio às situações dos outros estádios brasileiros indicados para abrigar a Copa do Mundo, a atual diretoria do Atlético em momento algum mudou seu discurso sobre as obras da Arena da Baixada. Desde que assumiu o clube, em janeiro de 2009, o presidente Marcos Malucelli classificou o Mundial como um evento da cidade e garantiu que não endividaria o Rubro-Negro para "três ou quatro partidas de Copa".
"Não pegaremos nenhum centavo, de banco público ou privado, isso eu posso garantir. Não queremos comprometer o futuro do Atlético com uma dívida impagável", afirmou Malucelli, em agosto de 2009, um dia após o governo federal anunciar linhas de financiamentos para adequação das praças esportivas. "Queremos concluir a Arena dos interesses do Atlético. Não a dos interesses da seleção brasileira", disse, na semana passada, a vice-presidente Yara Eisenbach.
Antes da gestão Malucelli, o ex-mandachuva do Furacão, Mário Celso Petraglia, também dizia que o clube não deveria bancar as reformas sozinho. No entanto, o ex-dirigente nunca descartou empréstimo do BNDES ou achar algum investidor que aceitasse ser parceiro na construção. (RL)
Diferentemente do Atlético, que está tendo de se desdobrar para ter auxílio externo com o objetivo de concluir a Arena da Baixada para a Copa de 2014, o Internacional garante que não terá esse problema. Segundo o vice-presidente de patrimônio do clube gaúcho, Emídio Ferreira, o Colorado irá se virar sozinho para adequar seu estádio às necessidades impostas pela Fifa.
A única ação do poder público, conforme a reportagem apurou, será a redução dos impostos que resultará no barateamento dos materiais de construção utilizados nas reformas.
Com uma obra orçada em R$ 150 milhões, Ferreira explicou como é possível o Inter bancar as alterações sem ajuda alheia.
"Estamos vendendo o estádio dos Eucaliptos [antiga casa do time, desativada desde 1969], o que deve render cerca de R$ 25 milhões. Com isso teremos condições de fazer a obra até o ano que vem", garantiu o dirigente.
Porém, a maior parte destes recursos, cerca de R$ 100 milhões, virá dos próprios colorados. "Venderemos 100 suítes no Beira-Rio, com 20 lugares, para serem usadas por 10 anos ao custo de R$ 1 milhão cada uma", contou Ferreira. Questionado se este valor não era muito alto, o dirigente explicou que o objetivo é atender empresários, que poderão utilizar os camarotes também para reuniões. "No final, o custo por pessoa é cerca de R$ 150 por jogo. Este é o valor das cadeiras em um Grenal."
O restante do dinheiro necessário seria conseguido com algum empréstimo, mas a expectativa é que a isenção de impostos faça com que ele não seja necessário. Apesar disso, o dirigente do Internacional afirmou que a intenção é utilizar as vantagens de descontos nas taxas estatais para fazer mais obras para o torcedor, como um edifício garagem.
A previsão de conclusão do Beira-Rio para a Copa é o final de 2012 (limite para poder receber partidas da Copa das Confederações do ano seguinte). Já a cobertura, que não é obrigatória para o Mundial, deve ficar pronta durante o ano de 2013. Será utilizada uma membrana chamada PTSE, como a que foi colocada na Copa da África do Sul no estádio de Port Elizabeth, onde o Brasil foi eliminado pela Holanda. Durante todo este período, Ferreira garante que o time não precisará sair do seu estádio, tendo que no máximo interditar alguns setores.
Há 10 dias, o presidente Lula e o ministro dos Esportes, Orlando Silva, estiveram no estádio colorado para dar início oficialmente às obras para o Mundial. Na ocasião, só elogios à direção da equipe gaúcha. "É um exemplo de organização no Brasil. Estou lisonjeado de ver um clube caminhar com suas próprias pernas para se preparar para a Copa do Mundo", afirmou o presidente.
Orlando Silva também destacou o exemplo. "O Internacional e a cidade de Porto Alegre devem servir de inspiração para o restante do Brasil, pois é um estádio privado que faz obras para a Copa e, além de disponibilizar essa estrutura para o Mundial, vai usufruir disso tudo", disse o ministro ao site oficial do clube.
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