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Cinco anos depois de assumir pela primeira vez o topo do ranking mundial, o tenista Gustavo Kuerten inicia em 2006 o ano mais decisivo de sua carreira. Desde 2000 Guga não se via tão pressionado por bons resultados. Se antes a cobrança era pela manutenção da liderança (coisa que conseguiu sustentar por um ano inteiro), agora é pelo retorno ao convívio dos grandes.

É neste ponto que a próxima temporada se torna tão crítica para o tenista brasileiro. Caso não consiga jogar de igual para igual com a nata do tênis mundial, Kuerten deve encerrar a carreira. Mas esse é um assunto quase proibido.

Na última vez que tratou sobre o tema – no fim de novembro, no lançamento de sua marca de roupas, a Guga Kuerten – tentou escapar pela tangente. Só falou de coisas boas, traçou metas de acabar o ano entre os 50 melhores do ranking, mas quando foi perguntado sobre o que ocorreria se não alcançasse os objetivos, revelou que irá se aposentar.

"Mas isso nem passa pela minha cabeça", completou rapidamente, na época, como uma auto-sugestão. E logo depois, coincidentemente, a entrevista foi encerrada.

Além do "exercício psicológico", há outros motivos que apontam para a encruzilhada pessoal do maior ídolo brasileiro. O primeiro deles, o lançamento da própria marca roupa, no limite para aproveitar a fama e a popularidade adquiridas pelas três conquistas de Roland Garros. A manchete no site oficial do jogador em dezembro chega a dar a dica: "Guga agora é moda".

O principal ponto da análise, contudo, recai sobre o fator quadra. No período de decadência (desde 2001), Kuerten sempre se apoiou na lesão do quadril como justificativa para o mau rendimento. Mas desta vez a desculpa se esvaiu em decorrência da preparação especial feita pelo atleta. Em 2005, o tenista mudou de treinador e utilizou a maioria de seu tempo para recuperar a forma. Só para comparar, disputou 12 partidas oficiais, contra uma média de 43 anuais nos três anos anteriores. E não saiu do saibro.

Dividindo a atenção entre as escassas partidas e os treinos em Camboriú sob o comando do técnico argentino Hernan Gumy, Guga afirmou ter voltado à forma antiga e até melhorado em alguns aspectos. Força e preparo físico seriam os principais avanços. E a dor, diz ele, se foi.

"Não sinto mais nada. E não tenho mais a necessidade de tentar acabar minhas partidas o mais rápido possível. Isso será uma das minhas armas no ano que vem", planejou o tenista catarinense.

Mas a prática pôs o discurso em dúvida. Em três jogos de apresentações o desempenho foi fraco. E Guga voltou a gozar da desconfiança geral. Afinal, para quem quer voltar a ser top, perder para o peruano Luiz Horna, o 84.º do mundo, por 6/2 e 6/0, só reforça a sua atual posição no ranking: 294.º.

O jogador desconsidera os resultados pelo período se tratar de "preparação" e aposta todas as fichas em sua volta ao circuito profissional, em 30 de janeiro, quando disputará o Torneio de Viña del Mar, no Chile.

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