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Há 100 anos, o Campeonato Paranaense realizou a primeira partida de sua história. Em um domingo pela manhã, na praça de esportes da baixada do Água Verde, o Internacional derrotou o América por 2 a 0, pela rodada de abertura do certame de 1915.

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Ilustrações: Felipe Lima

O embate inaugural causou furor na sociedade curitibana. Marcaram presença nas arquibancadas de madeira autoridades civis e militares, como o presidente do Paraná (equivalente ao governador), Carlos Cavalcanti, e o alcaide (como era chamado o prefeito) de Curitiba, Cândido de Abreu.

Embora o futebol fosse esporte de grã-fino naquela época, centenas de populares, curiosos, se aglomeraram para presenciar o arranque da competição. Disputa criada pela Liga Sportiva Paranaense (LSP), entidade originada dois meses antes, em março.

Além de América e Internacional – agremiações que fundariam o Atlético, em 1924 – participaram ainda Coritiba, Paraná (não o atual) e dois representantes do Litoral, Paranaguá e Rio Branco. Outros 12 clubes foram divididos em duas séries inferiores, A e B.

Largada de um torneio que alcançou este ano sua 101.ª edição, vencida pelo Operário, integrante da Série A em 1915. E desde aquele domingo de sol e calor, algo raro já no mês de maio, ocorreram mais 11.859 pelejas.

Era 11h05 quando os escretes pisaram o terreno do match, com mais terra do que grama, local hoje ocupado pela modernosa Arena da Baixada. As diretorias dos rivais, cheias de fair play, celebraram o momento com champanhe. O drink de festa serviu ainda para batizar a bola.

Às 11h12, o apito inicial soou e o primeiro shoot do Paranaense foi desferido. A honraria coube a Prim, paulista, center do alvirrubro América. Bittencourt recebeu a esfera, fez a primeira esticada e Mascarenhas concluiu pela primeira vez contra a meta.

Como um bebê recém-nascido, tudo, até mesmo as ações mais ordinárias, eram feitas pela primeira vez. E, diante do ineditismo de um concurso regional, valendo pontos, qualquer coisa merecia aplausos da plateia, tremendamente entusiasmada com a novidade esportiva.

Não tardou e o primeiro gol foi anotado, às 11h30, com menos de 20 minutos de combate. Os alvinegros trocaram passes curtos e rápidos, ludibriando a defensiva americana. Czas encontrou Ivo, que arrematou sem chances para o keeper adversário: 1 a 0 para o Internacional.

Chapéus foram arremessados aos céus, palmas ecoaram, senhoras ficaram envergonhadas pelo comportamento dos marmanjos, cavalos relincharam ao fundo e algumas pessoas não entenderam exatamente o significado de tudo aquilo.

Autor do tento histórico – o primeiro de 33.168 já anotados no Paranaense –, Ivo se tornaria figura ilustre também por outros motivos. O avante era filho de Agostinho Ermelino de Leão Júnior, fundador da empresa com o nome da família, uma das mais tradicionais do estado, célebre pelo chá mate.

Após consagrar-se como artilheiro do Estadual número 1, com 14 gols, fundou uma serralheria, exportadora de madeiras e, mais tarde, liderou a Leão Júnior S.A. por diversos anos. Exerceu uma série de cargos públicos e influenciou na política. Morreu em 1963, aos 64 anos.

A etapa inicial terminou às 11h55, com pouco mais de 40 minutos de combate. Refeitos após 10 minutos de halftime, os dois quadros voltaram ao jogo. E logo em seguida, às 12h07, Ivo anotou aquele que seria não apenas o segundo gol, mas o que fecharia o marcador e decretaria o triunfo do Internacional sobre o América.

A partir dali, mais 23 duelos ocorreriam, o segundo uma semana depois, empate por 1 a 1 entre Coritiba e Rio Branco. Foram marcados 93 gols. E, com 10 vitórias, o Internacional não deu chance para os oponentes, sagrando-se o grande campeão do Paranaense original.

Colaborou Amanda Schause
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