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O paranaense Mauro Ribeiro, então com 27 anos, vence uma das etapas da Volta da França, a principal disputa do ciclismo mundial | Arquivo Pessoal
O paranaense Mauro Ribeiro, então com 27 anos, vence uma das etapas da Volta da França, a principal disputa do ciclismo mundial| Foto: Arquivo Pessoal

Ex-atleta vê disputa entre gigantes

Acompanhar a edição 2009 da Volta da França é programa diário para Mauro Ribeiro. Pela tevê, o técnico da seleção brasileira de estrada acompanha a disputa entre o espanhol Alberto Contador, a quem define como o melhor ciclista do momento, e o norte-americano Lance Armstrong, quem chama de uma espécie de Einstein ou Picasso das pedaladas.

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As comemorações pelos 202 anos da Queda da Bastilha, marco da Revolução Francesa, ganharam tons verde-amarelos naquele 14 de julho de 1991. Ninguém percorreu mais rapidamente o corredor de bandeiras vermelhas, azuis e brancas de 161 quilômetros entre Alençon, na Baixa Normandia, e Rennes, na Bretanha, do que o curitibano Mauro Ribeiro. Aos 27 anos, com míseros 20 centímetros de vantagem, ele tornava-se o primeiro e único brasileiro a vencer uma etapa da Volta da França, a mais tradicional prova de ciclismo do mundo.

Na época, Ribeiro não teve a dimensão exata da conquista. Achou até estranho quando à noite, já no hotel, recebeu um telefonema do então presidente da República, Fernando Collor, lhe parabenizando "por levar a bandeira brasileira ao ponto mais alto do pódio em competição de tamanho prestígio". Como também se impressionou com a publicação da sua foto e seu nome em 150 jornais de todo o mundo no dia seguinte. No Brasil, sua imagem cruzando a linha de chegada dividia página com Ayrton Senna, ganhador do GP da Inglaterra de Fórmula 1. Para ele, não havia feito mais que a sua obrigação.

"Era consequência do trabalho", relembra Ribeiro, hoje com 47 anos, técnico da seleção brasileira de estrada, dono de uma empresa de produtos para ciclismo e responsável pela equipe Flying Horse/ Caloi. "Hoje tenho uma visão totalmente diferente, dou muito mais importância do que na época. Vejo como foi algo difícil de alcançar. Quanto mais o tempo passa, mais se torna uma coisa bacana", comenta.

Correr a Volta da França não fazia parte do calendário usual do ciclista. Seu currículo de 20 vitórias no circuito internacional era composto basicamente por provas mais curtas, de Copa do Mundo. Cumprindo esta programação, por exemplo, colocou-se entre os 20 melhores do planeta em 1989.

Atravessar a França sobre duas rodas foi uma exigência da sua equipe, a R.M.O., uma empresa francesa de recrutamento para trabalho temporário. E o que começou como uma clásula contratual tornou-se na mais forte marca do currículo do ciclista, maior até que a participação na Olimpíada de Atlanta, em 1996.

A vitória na etapa de meia-montanha (a nona daquele tour) no Norte francês foi definida no quilômetro final. Primeiro, um ciclista belga tentou escapar do pelotão de 16 competidores. Acabou neutralizado por um francês. Era a deixa para a arrancada de Ribeiro.

"Os dois tentaram escapar, mas não deu certo. Senti que era o momento e arranquei. Quando faltavam 600 metros, olhei para trás e vi que todos estavam a 30 metros de mim. Continuei pedalando e cruzei 20 centímetros à frente do (francês Laurent) Jalabert", conta.

Ribeiro ainda conseguiria um terceiro lugar no 15º estágio. Fechou em 47º aquela edição da Volta da França, a primeira das cinco vencidas em série pelo espanhol Miguel Indurain.

Jamais voltou a disputar a competição. Preferiu retomar sua rotina de etapas de Copa do Mundo. Na memória, além da vitória única para o ciclismo nacional, lembranças de uma outra época do tour.

"Hoje é muito mais glamouroso. Virou business, é uma prova muito mais sofisticada, que desperta interesse gigantesco de todas as empresas. Uma equipe conta com 30 pessoas e tem orçamento anual de R$ 40 milhões", cita, para depois tentar medir o impacto que sua vitória teria nos dias atuais. "Foi um feito valorizado, mas hoje seria algo muito mais público, proporcional à importância atual da prova. Sou mais conhecido lá fora do que no Brasil", diz.

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