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Zetti diz não haver favoritismo no clássico | Daniel Castellano / Gazeta do Povo
Zetti diz não haver favoritismo no clássico| Foto: Daniel Castellano / Gazeta do Povo

Difícil encontrar um jogador mais curitibano que Ilan. Atualmente no Saint Etienne, da França, o atacante de 25 anos nasceu e foi criado em Curitiba, mas o fato de ser produto legítimo e identificado com a terra vai bem além disso – e está longe de ser por falar "leite quente" ou gostar de "vina".

Filho do também curitibano William, e da apucaranense Sara, Ilan deu seus primeiros chutes no extinto Pinheiros, seguiu no Paraná, passou pelo Coritiba, voltou para o Tricolor (onde tornou-se profissional), e no título maior do Rubro-Negro (campeão brasileiro em 2001) lá estava ele fazendo gol na final.

Em 2004, após três anos no Furacão, com direito a passagem pela seleção brasileira, Ilan mudou de ares e foi parar na Europa, vestindo a camisa amarela do pequeno Sochaux, na França. Destaque da equipe, ao final da temporada 2005/2006 acertou transferência até 2009 para o tradicional Saint Etienne, clube que revelou Michel Platini.

No domingo passado, na vitória contra o Paris Saint-Germain por 2 a 1, fez um golaço de bicicleta (o nono no Campeonato Francês). Dentro da área, pelo lado direito, levantou a bola de direita e, com o mesmo pé, bateu ela no alto, cruzada, sem chance para o goleiro, um "sublime retourné acrobatique", como definiu o L’Equipe, principal diário esportivo da França. Quando atuou no Paraná e no Atlético – no Brasil, Ilan também jogou no São Paulo – fez fama de "só gostar de fazer golaço". Para ele, um reconhecimento legal dos torcedores.

Sobre o clássico deste domingo, em que as duas equipes que defendeu estarão frente à frente, o jogador pouco pode opinar, pois não tem acompanhado de perto. "Tenho ouvido falar mais do Paraná, por conta da Libertadores. Mas joguei mais no Atlético, então posso dizer que tenho melhores recordações da Baixada", disse.

Apelido – No futebol eu nunca tive. Jogador gosta de apelidar, mas no meu caso só surgiram aqueles de momento. Em casa, na infância, era chamado de "Nêgo". Acho que era por eu ser mais "escuro" que o meu irmão, que tinha cabelo claro.

Clube da infância – Na família o Coritiba tinha mais torcedores. Meu pai gostava mais do Atlético, mas eu era mais Paraná, pois foi onde comecei, quando ainda era Pinheiros. Eu gostava muito do Palmeiras também.

Pontos positivos – A capacidade de finalização é uma das minhas qualidades. Se tenho duas chances no jogo, uma pelo menos eu concluo. Meu pai, que é quem "analisa" melhor meu jogo, diz que tenho boa movimentação e carrego bem a bola.

Pontos fracos – A parte física era um problema, mas melhorei bastante. Na Europa estou correndo mais, quase 12 quilômetros por partida. Outra coisa é o cabeceio. Mas nesse caso é porque tenho medo de tomar uma cabeçada. Quando estou livre cabeceio bem.

Ídolos – Eu admirava muito o Edmundo quando era pequeno. Por conta dele tive vontade de ser atacante. Além dele, meu pai (William), que foi atacante do Atlético, Coritiba, Santos, me inspirou muito. Pena que ela parou muito cedo.

Eu jogo como... – Difícil responder essa pergunta. Acho que tenho uma característica que é pouco comum. Jogo de atacante, mas faço papel de meia também, tanto que hoje tenho nove gols e oito assistências. Quando estou sem a bola ajudo na marcação. Sinceramente, não lembro de alguém assim.

Melhores momentos da carreira – Com certeza foi o título de campeão brasileiro pelo Atlético, em 2001. Jogar na Arena lotada e marcar um gol na decisão foi muito importante. Aqui na França tive bons momentos também, como na chegada, em 2004. Fiz 14 gols no Campeonato Francês e seis na Copa da Uefa.

Pior momento – Foi quando eu tive que fazer a operação do púbis no Atlético, em 2003, e ainda tive uma infecção hospitalar em seguida. O que chateia também são os momentos em que o torcedor perde o respeito pelo jogador na cobrança, bate no carro, essas coisas.

Carreira – Eu queria ir para um clube da Espanha, ou da Itália. O Lyon, aqui na França, seria legal também, é um time forte e de muita mídia. Mas por enquanto, meu objetivo é ajudar o máximo para o Saint Etienne jogar a Liga dos Campeões. Não penso muito a longo prazo.

Melhor jogador que enfrentou – O Cris (Lyon) e o Alex (PSV Eindhoven) são dois zagueiros muito complicados de enfrentar. O Cris mudou seu estilo de jogo, hoje é mais objetivo e menos agressivo.

Melhor jogador com quem jogou – O Souza, em 2001, pelo Atlético, foi um dos melhores parceiros em campo. Muito bom tecnicamente e inteligente. Tive a oportunidade de jogar com o Kaká no São Paulo também. Ele estava nos juniores e eu no profissional, mas fizemos algumas partidas juntos, e ele já se mostrava diferenciado.

Melhor elogio – Teve uma passagem legal no Sochaux. Tinha um companheiro de ataque, um africano, acho que era do Con-go, não lembro o nome. Eu estava super bem, com 11 gols, por aí, e ele mal. Até que num jogo teve um pênalti, e eu era o batedor. Peguei a bola, coloquei na marca, mas quando fui bater mudei de idéia. Dei a bola pra ele, ele bateu e ganhou moral. Depois veio falar comigo e agradeceu muito, disse que "essa atitude dinheiro nenhum pagaria".

Se eu não fosse jogador de futebol... – Seria agrônomo. Gosto dessa área, de mexer com milho, cereal. Talvez por ter muitos parentes no interior, em Apucarana, tenho esse interesse.

Maior influência – Com certeza meu pai (William). Desde pequeno, não me deixou ficar na rua e já colocou no futebol. Sempre foi muito crítico e até hoje me dá uns puxões de orelha, mas agora mais de leve.

Música – Gosto de tudo um pouco. Rap, rock e até metal. Uma banda que tenho ouvido muito é o Red Hot Chili Peppers. Também curto pagode, mas não muito. Um artista brasileiro que eu ouço bastante é o Seu Jorge.

Carro – Tenho um Audi F3. Acho que é uma coisa do brasileiro essa paixão por automóveis. Mas não mudo muito de carro.

Em cinco anos eu pretendo estar... – Terei 30 anos, e quero estar no Brasil, casado, com filhos. Essa é a vida que eu gostaria de ter.

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