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Mari e Valeskinha curtem a euforia da classificação à final olímpica. | Mustafa Ozer/ AFP
Mari e Valeskinha curtem a euforia da classificação à final olímpica.| Foto: Mustafa Ozer/ AFP

Triunfo liberta Zé Roberto do fantasma de Atenas-2004

O técnico José Roberto Guimarães tinha o semblante tranqüilo, de quem estava aliviado, quando iniciou a conversa com os repórteres brasileiros. Desabafou e, pela primeira vez desde agosto de 2004, falou sobre as conseqüências da inesquecível derrota para a Rússia na semifinal de Atenas-04.

"Foi difícil levantar a cabeça e digerir aquilo, fiquei muito debilitado", revelou. Imaginou que não ficaria na seleção, mas contou com o apoio da Confederação Brasileira de Vôlei (CBV) para chegar até Pequim. Nos últimos quatro anos, disse, fez o trabalho mais difícil da carreira. "Foi muito complicado levantar a cabeça das meninas", comentou. "O problema também era reestruturar a equipe e escolher as jogadoras."

Zé Roberto admitiu que o tropeço contra a Rússia, quando a equipe vencia por 2 sets a 1 e tinha vantagem de 24/19 no quarto set, de vez em quando ainda vem a sua cabeça. "O mundo cai sobre a cabeça, nós nos sentimos culpados, não é fácil, mas faz parte da vida." Quatro anos mais tarde, numa mesma semifinal olímpica, o técnico temia ser tomado pelo nervosismo. "Mas não podia, eu tinha de passar tranqüilidade."

Agora, ele pode se tornar o primeiro treinador de vôlei do mundo a conquistar medalha de ouro dirigindo homens e mulheres, pois tem o ouro com a seleção masculina em Barcelona-1992.

Agência Estado

Em um dia em que o Brasil amargou mais fracassos do que festejou vitórias, a seleção feminina de vôlei manteve-se impecável e chegou, pela primeira vez na história, a uma final olímpica. A vitória por 3 sets a 0 (27/25, 25/22 e 25/14) contra a China, no lotado Capital Gymnasium, levou o time dirigido por José Roberto Guimarães à decisão e garantiu campanha perfeita até agora. O último desafio será amanhã, diante da surpreendente seleção dos Estados Unidos, que venceu Cuba também por 3 a 0 (25/20, 25/169 e 25/17).

A imprensa internacional tem destacado a seleção como uma espécie de Dream Team do vôlei. Parece imbatível em quadra. Em sete partidas, foram 21 sets vencidos e nenhum perdido. Se derrotar os Estados Unidos também por 3 a 0, será a segunda a ser campeã sem ceder nenhum set. A única até hoje foi a do Japão, em Montreal-1976. Na ocasião, no entanto, jogava-se menos – cinco partidas apenas, e não oito.

A festa feita após o triunfo sobre as anfitriãs escancarou o otimismo das atletas. O ouro vai mesmo para o Brasil, apostam. O obstáculo mais difícil já foi superado. Passar pela China, atual campeã olímpica e apoiada pelos torcedores, era missão complicada. O início do confronto, aliás, assustou, mas, passado o nervosismo, as meninas voltaram a ter atuação de gala, digna dos aplausos dos chineses.

As americanas estão em nível técnico bem inferior, outro fator que aumenta a confiança. O elenco e a comissão técnica esperavam Cuba na briga pelo primeiro lugar, mas a derrota tirou as rivais do caminho. "É sempre bom escapar das cubanas", reconheceu Zé Roberto. E ótimo pegar um adversário que se tornou freguês nos últimos anos.

Enfrentaram-se cinco vezes, recentemente,

com 100% de aproveitamento das sul-americanas. "Pelas características, Cuba seria mais difícil, porque é um time que ataca, agride e sempre complica quando joga contra o Brasil", disse o treinador. Há um ano, as cubanas venceram as brasileiras na final do Pan do Rio, quando o time de Zé Roberto era mais do que favorito.

Chegar à decisão é motivo de orgulho e alívio para o elenco. As duas medalhas conquistadas pelo vôlei feminino foram de bronze, em Atlanta-1996 e em Sydney-2000. A semifinal era uma barreira intransponível até ontem, principalmente depois da inesquecível derrota para a Rússia em Atenas. "É muito bom fazer história, não tenho palavras para definir o sentimento, mas agora temos de buscar o final feliz", declarou Paula Pequeno.

Final feliz é o que espera também o Comitê Olímpico Brasileiro (COB). O ouro no vôlei é fundamental para que o Brasil melhore sua decepcionante posição no quadro geral de medalhas. A perda do título no futebol feminino e o fiasco de Jadel Gregório não estavam nos planos. Só com muita sorte o país vai igualar a campanha de Atenas, com cinco medalhas de ouro, duas de prata e três de bronze.

O jogo com as americanas, em que as próprias brasileiras assumem o favoritismo, será às 9 horas (de Brasília) de amanhã. "Nenhuma outra equipe tem o nosso conjunto e o nosso elenco", afirmou Walewska.

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