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O triatleta curitibano Juraci Moreira não esconde o incômodo. A partir de domingo, quando largar em busca da conquista inédita do Triatlo Internacional de Santos, não levará mais na camiseta a bandeira de sua cidade natal, mas sim a de Blumenau, cidade catarinense que ele mal conhece.

No brasão até que serão poucas mudanças. Alguns detalhes e a troca do verde pelo azul – o vermelho e o amarelo são comuns nos dois símbolos. Mas no coração do atleta, a decepção talvez só venha a ser esquecida com uma boa seqüência de vitórias, a almejada classificação para o Pan do ano que vem, no Rio de Janeiro, e depois à Olimpíada de Pequim, em 2008.

Mas até lá, por muitas vezes Juraci deverá repetir a frase dita à Gazeta do Povo, ontem à tarde: "Não tem jeito!". Logo depois a justificativa que não foge à regra: falta de incentivo.

"Há cinco anos as cidades de Santa Catarina me procuram, mas eu sempre disse não. Acho isso o anti do anti. Não tem cabimento representar uma cidade que não é a sua. Mas agora não tive outra escolha", afirma o triatleta, que não quis deixar nada no ar.

"Para você ter uma idéia, eu me beneficiava da Lei Municipal de Incentivo ao Esporte, que ajudei a criar. Mas no último semestre, recebi R$ 3 mil, o que mal dá para o suplemento que eu tomo", conta, revelando a surpresa de ver atletas em início de carreira ganhando o mesmo benefício que ele.

"Não estou dizendo que a lei é ruim, mas ficou política. Atende a todos quando a idéia inicial era fazer de Curitiba um referencial para atletas de alta performance".

Mas no caminho inverso, hoje ele é mais um atleta olímpico a deixar o nome da capital para trás. E a proposta catarinense nem foi tão tentadora assim, mas era garantida. Ao contrário de Curitiba – quando a cada seis meses Juraci tem de mandar um novo projeto para a prefeitura e depois esperar, sem certeza, a aprovação – os catarinenses fizeram um contrato por todo o ano com ele.

Mesmo competindo por Blumenau e treinando em Brasília – com o técnico Leandro Macedo –, Juraci permanecerá morando em Curitiba. E ele ri sobre o fato, lembra do ditado batido "santo de casa não faz milagre".

"Em Brasília eu sou mais reconhecido do que aqui. Em Blumenau eles vão me pagar apenas para ir lá e incentivar o triatlo. E aqui não tem nada. Engraçado como em todo o lugar sempre apóiam quem é de fora."

Independentemente do uniforme, a nova fase será inaugurada domingo. Depois do decepcionante 41.º lugar em Atenas, o atleta mudou de treinador e garante ter dado uma guinada na carreira. Tudo tendo como objetivo a medalha olímpica. Antes, o primeiro desafio será o Pan.

"Depois de Atenas refleti muito sobre meus erros e remodelei a minha carreira. O Pan será importante, pois é no Brasil e irá dar visibilidade para gente. E quando chegar a Pequim eu estarei com 29 anos, no ápice da minha carreira."

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