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Sanxenxo, Espanha – Aos 3 meses de idade, Lucas Brun já estava no barco velejando com o pai, Gastão Brun, bicampeão mundial da classe Solling. Não saiu mais do mar. Vivia na Marina da Glória, no Rio de Janeiro, matava aula para velejar, experimentou várias classes naúticas, trancou a faculdade de Engenharia Civil por causa da vela e chegou a disputar uma vaga para a Olimpíada de Atenas, no ano passado. Ele não conseguiu defender seu país na Grécia. E agora ainda vai "torcer" contra.

Brun é o único sul-americano a fazer parte do ABN AMRO 2 (há ainda o ABN AMRO 1), a parte "teen" do investimento milionário do banco holandês na Volvo Ocean Race. O barco é um dos seis concorrentes do Brasil 1, embarcação que marca a estréia brasileira em competições oceânicas.

O velejador é o caçula da maior regata de volta ao mundo, que terá a largada oficial no próximo sábado, em Vigo, na Espanha. Com apenas 22 anos, é o retrato da sua equipe. Enquanto todos os barcos prezam pela experiência, a média de idade do ABN 2 é 25 anos. O comando pelos próximos 57 mil quilômetros, por exemplo, está cargo do francês Sébastien Josse, de apenas 30.

O barco também carece de outro requisito muito valorizado a quem vai ficar oito meses no mar: entrosamento. "A mistura é grande e lidar com diferentes culturas é complicado. Os holandeses são cabeças-duras; os ingleses, arrogantes; os norte-americanos, caipiras", afirmou.

Nada, entretanto, tira a euforia e a satisfação do brasileiro. "No fundo todos acabam se dando bem. E participar de uma regata como essa é um marco. A careira dispara, você aprende a conviver, amadurece, cresce e passa a ser visto de outra forma", prevê o velejador, que disputou uma longa seleção para chegar à Volvo.

Ele foi um dos 1.800 inscritos, entre 21 e 30 anos (um dos requisitos) em todo o mundo para encarar o projeto. Após uma avaliação no Brasil, 20 velejadores de vários países se reuniram para uma fase final na Europa. O brasileiro André Mirsky também foi selecionado, mas desistiu por causa da morte do pai.

O trabalho então não limitou-se à água, mas sim a varias atividades para analisar o comportamento em equipe. "Precisavam ver como as pessoas reagiriam porque o abalo psicológico é muito grande", explicou o proeiro.

Ser um brasileiro "inimigo" logo no lançamento do maior projeto náutico do país é assunto bem digerido para Brun. "Todos lá são meus amigos, quase uma família para mim. Sei porque escolheram essa equipe e porque estou aqui."

Ele inclusive recebeu os cumprimentos do integrantes do Brasil 1 após a regata costeira de abertura da Volvo, sábado, em Sanxenxo. O barco dos novatos foi o penúltimo, mas conseguiu superar ABN 1.

A jornalista viaja a convite do Brasil 1 e do ABN-Amro.

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