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O agora técnico do Atlético, Leandro Niehues, conversa com o presidente do Rubro-Negro, Marcos Malucelli: transição tensa entre o Delegado e o antigo auxiliar | Antonio Costa/ Gazeta do Povo
O agora técnico do Atlético, Leandro Niehues, conversa com o presidente do Rubro-Negro, Marcos Malucelli: transição tensa entre o Delegado e o antigo auxiliar| Foto: Antonio Costa/ Gazeta do Povo

Opinião

Mico nacional

Robson De Lazzari, repórter.

No meio da tarde de segunda-feira, como se tudo estivesse às mil maravilhas, Antônio Lopes representou o Atlético no programa Arena Sportv, em rede nacional, ao lado do coxa-branca Ney Franco. O espaço para o futebol paranaense na grande mídia, sempre tão reclamado, acabou vi­­­­ran­­­­do motivo de chacota. Com a camisa rubro-negra em mãos, ostentando a solidária frase "Força Chile", o Delegado falou das revelações da Baixada, da estrutura do clube e das chances do time na temporada. Mal sabia que menos de duas horas mais tarde uma reunião para sacramentar a sua já quase certa demissão estava marcada. Por mais que o trabalho de Lopes em 2010 seja dos mais contestáveis, ele merecia mais respeito. No fim da noite, após às 23 horas, re­­cebeu a visita de um incomodado Ocimar Bolicenho para ser informado da decisão da diretoria. Estava demitido. Deixa a Baixada após ter dividido com Paulo Baier a maior parte dos méritos pelo Rubro-Negro não estar na Série B. Sem fugir de um sistema muito defensivo, o técnico não estava agradando. Apesar disso, dessa vez ficou bem mais feio para o Atlético do que para Lopes.

Fiquei boquiaberto, diz Delegado

O técnico Antônio Lopes promete publicar hoje em seu site oficial um comunicado sobre a saída do Atlético. Ontem, em entrevista ao programa Redação SporTV, assumiu sua perplexidade diante da demissão e publicamente citou como justificativa "problemas políticos".

"Fiquei boquiaberto com tudo isso, com a minha demissão, foi uma grande surpresa pra mim. Acho que foi política a coisa. Alguns dirigentes disseram que estava havendo uma pressão do conselho pra me tirar. Até disse a eles que se for por resultados, não podiam me tirar de jeito nenhum. Estamos praticamente na final do estadual, passamos à segunda fase na Copa do Brasil e estamos há 11 jogos sem perder", afirmou.

Nesta quarta passagem pelo clube, o Delegado teve aproveitamento de 54%. Em sete meses, o Furacão venceu 16 partidas, empatou 12 e perdeu 9. À Gazeta do Povo, Lopes reconheceu que o ambiente era muito bom com o grupo e que essas "são coisas do futebol".

A péssima surpresa experimentada por Lopes não é novidade aos comandantes atleticanos. "Foi a mesma circunstância. Tive jogo no domingo, segunda-feira dei treino normalmente e à noite fui pego de surpresa. O que aconteceu com o Lopes aconteceu comigo, mudou apenas o ator. Espero que no futuro isso não se repita", disse o atual técnico do Coritiba Ney Franco sobre a saída em 2008.

Mais do que seus planos para o Atlético, Leandro Niehues assumiu o comando da equipe tendo de se explicar. O treinador rubro-negro para o restante do Campeo­­nato Paranaense foi acusado de ter armado um complô para derrubar o antecessor Antônio Lopes. Demitido na noite de segunda-feira, o "Delegado" citou problemas políticos e apontou o ex-auxiliar e o diretor de futebol Ocimar Boli­­cenho como artífices da sua saída.

A suspeita de golpe foi revelada na terça pela manhã pelo próprio Lopes ao despedir-se do grupo no CT do Caju. "Aconteceu isso sim. Se ele falou, algum motivo teve. Se é verdade, eu não sei. Não vi nada", contou o zagueiro Rhodolfo. Segundo o jogador, Lopes estava bastante emocionado no adeus após sete meses no cargo que ocupava pela quarta vez no Furacão.

"Todos ficamos muito surpresos, ninguém esperava que ele fosse sair. Ele conversou com o grupo e particularmente com alguns. Estava quase chorando, os olhos bem vermelhos. Todo mundo gostava muito dele. Ele trouxe até o planejamento da semana e nem usou", revelou o jogador.

Apesar do clima, o defensor contou que o grupo fez um pacto para ajudar Niehues. "Agora temos de esquecer o assunto. Ele conhece bem o elenco, muitos desde as categorias de base e o importante agora é trabalhar para conseguirmos os resultados e melhorarmos nossa postura", afirmou.

Eleito o melhor técnico do Es­­tadual 2009 à frente do então vice-colocado J. Malucelli, Leandro Niehues negou ter minado o trabalho de Lopes.

"Tem horas de servir e horas de ser servido. Vim para o Atlético para ser o auxiliar permanente e uma opção para o clube não ficar desprovido quando ficasse sem técnico. Fiz o que podia para ajudar o Lopes, viajei em todos os jogos do Brasileiro para analisar as partidas (adversárias)", explicou.

"O Lopes era muito querido aqui. Se houvesse algo o grupo perceberia e não iria aceitar", acrescentou. Ele reconheceu, porém, que o Lopes Junior, filho do treinador e também auxiliar, possuía naturalmente mais proximidade ao comandante rubro-negro.

Outro citado na confusão, Oci­­mar Bolicenho revelou-se surpreso com as acusações e também com a reação de Lopes ao ser co­­municado do seu desligamento. "Após a reunião da diretoria, fui ao hotel para conversar pessoalmente e ele ficou bastante nervoso. Não aceitou. Acho que até para não fechar as portas no Atlético, concentrou sua revolta em mim. Estão criando uma teoria da conspiração que não existe, mas surpreende muito vindo de alguém experiente como ele", disse.

O presidente Marcos Malucelli assumiu a responsabilidade pela troca de comando, baseada no estilo defensivo e pouco ousado da equipe. "Não é o trabalho do Lopes que foi ruim. Para analisarmos isso temos de retroceder até agosto (quando o técnico chegou para livrar o time do rebaixamento). Mas este ano não rendeu como esperávamos", comentou.

Apesar de ter perdido apenas uma das 11 partidas no Estadual, o desperdício de pontos para equipes inexpressivas pesou na decisão sacramentada após o desempenho no Atletiba. "Queremos o Atlético atacando na Arena e não na retranca", cobrou. Essa será a postura buscada no treinador que deve substituir Niehues no Bra­­sileiro.

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