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NOVIDADE | Mauro Campos
NOVIDADE| Foto: Mauro Campos

Foz do Iguaçu – A renovação na canoagem slalom brasileira passa por Tibagi e Tomazina. As duas cidades do interior do Paraná são o berço da nova guarda do esporte. Após quase duas décadas de reinado absoluto dos gaúchos Gustavo Selbach (K1) e Cassio Petry (C2), o bastão (leiá-se remo) está sendo gradativamente passado para o trio Ricardo Martins Taques, Bruno Pereira Machado e João Vítor Machado.

Caçula do grupo, Ricardo, 17 anos, começou a descer a corredeira do Rio Tibagi meio ao acaso. Até 2001, entrar em um barco e remar era, para o garoto, apenas mais uma das várias brincadeiras de crianças. Mas o divertimento logo ficou sério. Para virar profissão de gente grande foi um pulo. Encantado com a presença da seleção brasileira na cidade, o aprendiz de canoísta bateu o pé e pediu para ser matriculado na escolinha da Confederação Brasileira de Canoagem (CBCa). O período como "juvenil" não durou muito tempo. Em 2005, Ricardo foi convocado pelo técnico do Brasil, o francês Alain Jourdant, para integrar o time nacional e trabalhar junto dos "papas" da modalidade. "Daí foi só treinar, treinar e treinar", resume Taques, especialista no caiaque individual (k1).

Parte do sonho estava realizado. "Agora vou brigar pela vaga olímpica", diz ele, que no Mundial de Slalom que termina hoje em Foz do Iguaçu, ficou apenas na 54.ª posição, sendo eliminado ainda na fase eliminatória. "Mas eu sou júnior e competi na categoria sênior", defende-se.

Bruno Pereira Machado, oito meses mais velho que o conterrâneo Ricardo, é outro filho ilustre das águas de Tibagi que pode brilhar em Pequim, no ano que vem. Para seguir "brincando" de canoa – individual (C1) e dupla (C2) –, o boleiro de fim de semana teve abrir mão de um tentador convite para jogar futebol no tradicional Operário de Ponta Grossa, há quatro anos. "No mesmo tempo eu fui chamado para disputar o Brasileiro e logo entrei na seleção. Como gostava de remar...", relembra o atleta. Bruno perdeu o pai na quinta-feira (13/9), vítima de infarto, a menos de uma semana do Mundial. "Ele sempre me incentivou muito", conta.

Mais experiente do clã pé-vermelho, João Vitor Machado tem 22 anos e nasceu em Tomazina, no Norte Pioneiro. Competindo no K1, ficou em 57.º no Mundial. Ele faz previsões além dos Jogos Olímpicos de 2008. "A nossa geração já pôde contar com a estrutura que o pessoal mais antigo não teve, como o rio artificial (Canal Itaipu, a única pista artificial da América Latina). Isso sem falar que ainda podemos aprender no dia-a-dia com eles", afirma, confiante no futuro da canoagem verde-e-amarela. "Esse pessoal novo é muito talentoso", elogia Selbach, 33 anos e duas Olimpíadas no currículo (Barcelona-92 e Atlanta-96).

Responsável por lapidar as revelações por quase oito anos – a CBCa já anunciou que não irá renovar o contrato do técnico –, Jourdant integra também o coro dos mais otimistas. O treinador, contudo, faz observações importantes sobre a transição da fase de promessas para o grupo de atletas de ponta do mundo. "Até 2005, nós só tínhamos dois barcos: o Gustavo e o Cássio. A molecada já está no mesmo nível, andando mais rápido às vezes. Eles têm potencial, mas é preciso ir com calma, dar o suporte e uma estrutura forte para que possam brilhar", analisa o francês, que desde 1999 dava as cartas no comando da equipe nacional.

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