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Sanxenxo, Espanha – Se fosse disputada sobre rodas, a Volvo Ocean Race seria uma mistura de Fórmula 1 quando o assunto é investimento e um Rally Dakar nos quesitos risco e emoção. O suficiente para tornar essa regata de volta ao mundo a mais glamourosa, difícil e profissional dos mares. Qualquer conversa sobre cifras na competição fica na casa dos milhões. Milhões de euros.

Só a logística dos organizadores para receber os sete barcos participantes nos nove países ao redor do planeta consumirá em torno de 25 milhões de euros. Os dados são do australiano Glenn Bourke, diretor geral da disputa. E isso nem pesou muito nos cofres da fábrica sueca.

"O investimento de marketing é incalculável. Divide-se entre as filiais em cada país. Mas é altíssimo", reconhece ele. O Brasil esta na rota da prova e o Rio de Janeiro receberá as embarcações em abril de 2006. A largada oceânica ocorre sábado, em Vigo, na Espanha.

Entre os participantes, sobram zeros à direita para mensurar o investimento. O projeto Brasil 1, primeiro barco do país na competição, custou US$ 15,8 milhões – US$ 1 milhão para o comandante Torben Grael – conta com um pool de patrocinadores. Entre eles, até o governo brasileiro, através da Apex (Agência de Promoção das Exportações do Brasil), dos ministérios da Indústria, Desenvolvimento e Comércio Exterior, do Turismo e do Esporte. O montante público é de US$ 3 milhões e chegou a gerar um mal estar com a Confederação Brasileira de Vela a Motor, que questionou um investimento tão alto em um único projeto.

Nas outras embarcações não há confirmação de apoio estatal e a verba vem de banco (ABN AMRO), indústria cinematográfica (Disney, com os Piratas do Caribe II), telefonia celular (Ericsson), empresa telefônica (Movistar) e giram em torno de 120 milhões de euros. Os australianos do Premier Challenge, primos pobres dessa edição da regata, devem anunciar hoje o nome do patrocinador (leia texto nessa página).

A aposta mais ousada partiu dos holandeses do ABN AMRO. O banco gastou 30 milhões de euros para construir os dois barcos que circundarão o mundo com a sua marca. O 1, com competidores experientes, e o 2, formado por jovens velejadores vindos principalmente dos maiores mercados de ação da empresa: Holanda, Estados Unidos e Brasil – o representante brasileiro é Lucas Brun, 22 anos. Fora isso, foram mais 30 milhões em todo projeto esportivo, envolvendo publicidade e marketing.

Para se ter uma idéia, um dia antes do lançamento da regata, na semana passada, o banco gastou a "bagatela" de 2 milhões de euros para vestir seus 98 mil funcionários do mundo todo com uma camiseta igual a dos velejadores e instalar relógios marcando a contagem regressiva para a largada. "Calcula-se que o retorno de marketing seja no mínimo o dobro. Essa é a posta dos patrocinadores", comenta o diretor Glenn Bourke.

Só de telespectadores a projeção da organização é de 1,5 bilhão de pessoas acompanhando a regata durante os oito meses nos mares. In loco, durante essa semana última semana de preparação, a marina de Sanxenxo transformou-se num desfile de curiosos e apaixonados por vela.

O evento conseguiu até algo inédito, atrair o rei espanhol Juan Carlos pela primeira vez à cidade. Ele rebatizou o porto local, velejou no barco espanhol Movistar e motivou a visita de uma série de celebridades à região para acompanhar a elite da vela mundial.

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