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De bem com a vida e com namorada nova, Cesare Prandelli armou uma Itália ofensiva | Srdjan Suki /EFE
De bem com a vida e com namorada nova, Cesare Prandelli armou uma Itália ofensiva| Foto: Srdjan Suki /EFE

Perfil

Após drama pessoal, Prandelli abre a seleção italiana para o amor

O amor e um drama pessoal movem a renovação do futebol italiano. Na mesma época em que assumiu o comando da Azzurra, logo após a Copa de 2010, Cesare Prandelli iniciou o namoro com Novella, com quem está até hoje. Era o primeiro relacionamento do treinador desde a morte da mulher, Emanuelle, em 2007, vítima de câncer de mama. Para acompanhar os últimos momentos da esposa, ele abriu mão de um acerto com a Roma, naquela que seria sua primeira oportunidade de dirigir uma grande equipe.

O drama e o novo amor fizeram Prandelli implantar um regime totalmente aberto na seleção. A exemplo do que ocorre na Copa das Confederações, jogadores podem levar suas esposas para competições fora do país, desde que não durmam com elas. A frase "não é humano fechar as portas para o amor", dita pelo treinador, acabou se tornando uma síntese do seu perfil. Abertura fundamental para que ele conseguisse lidar com Mario Balotelli, mais talentoso jogador italiano, e que ao menos na Azzurra evita as confusões que marcam sua história nos clubes.

A cada entrevista, uma mesma questão é colocada a Cesare Prandelli: se a opção por um jogo mais ofensivo não expõe demais a defesa, virtude histórica do futebol italiano. Dilema que chega ao ápice quando a Azzurra enfrentar a Espanha nesta quinta-feira (27), às 16 horas, no Castelão, pela semifinal da Copa das Confederações.

A derrota por 4 a 0 para os espanhóis, na final da Euro-2012, criou uma espécie de trauma na Itália. Não apenas pelo placar, mas pelo amplo domínio da Roja. Desde a definição do duelo entre as duas seleções por uma vaga na final de domingo, no Maracanã, a imprensa italiana vem pedindo de maneira mais incisiva a retomada do catenaccio (um time puramente defensivo, à espera de uma chance para decidir o jogo). Prandelli mesmo sabe que o rendimento na partida de hoje lhe dará mais ou menos liberdade para implantar sua transformação.

"Espero não ter de explicar nada [sobre o jogo ofensivo da Itália]. Isso não foi uma ideia estranha que alguém entrou na minha cabeça e colocou. Mas sim as características e a qualidade do grupo que nos permitem jogar esse futebol", disse o técnico, que brincou no início da semana que a Itália levaria sua própria bola para ter mais posse do que a Espanha.

O conceito de Prandelli é emprestado da Espanha. É o modelo campeão mundial que ele e Arrigo Sacchi, coordenador de seleções da Federação Italiana, seguem na reconstrução da Azzurra. Facilmente a Roja acaba sendo citada pelo treinador como exemplo de futebol moderno.

"Chega de usar a Série A italiana como parâmetro. Devemos tomar como exemplo o futebol ofensivo jogado em nível internacional. Esse é o futebol do futuro", discursou.

A transformação do futebol italiano chama atenção mesmo dos adversários e atrai elogios. Mas o 4 a 0 da final da Euro deixa inclusive os espanhóis descrentes de um jogo ofensivo no Castelão.

"Imagino que não vão sair para o jogo. Lá seu posicionamento foi muito alegre. Queriam ter a posse de bola e isso foi ótimo para nós", disse o lateral Álvaro Arbeloa.

Para mudar o desfecho, a Itália muda o seu time. O 4-4-2 que fracassou em Kiev será substituído pela formação do empate por 1 a 1 com os próprios espanhóis, na primeira fase da mesma edição da Eurocopa. Um meio-campo povoado por seis jogadores, com três zagueiros atrás e um atacante à frente – Gilardino no lugar de Balotelli.

"As referências que temos da Euro são o primeiro jogo, em que eles foram superiores a nós, e a final, em que nós fomos superiores. Eles têm alguns jogadores com menos nome, mas que são muito importantes, como Giaccherini", citou o técnico espanhol, Vicente del Bosque.

A própria história da atual seleção espanhola tem em um confronto com a Itália o seu ponto de virada. Uma vitória por pênaltis, nas quartas de final da Euro-2008, abriu terreno para o título europeu e tirou de cena a Fúria, para a ascensão da Roja da posse de bola.

"Os pênaltis contra a Itália representam o momento em que tudo mudou. Nos desbloqueou um pouco mentalmente, e depois disso acabamos ganhando", disse Césc Fàbregas, antes da Copa das Confederações.

Hoje, a Espanha estará do outro lado. O de impedir que o adversário tenha o momento de desbloqueio para um novo jeito de jogar futebol.

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