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Alan Ruschel em entrevista à Gazeta do Povo. | /Moreno Valério/Gazeta do Povo
Alan Ruschel em entrevista à Gazeta do Povo.| Foto: /Moreno Valério/Gazeta do Povo

A noite de 28 de novembro na Colômbia (já madrugada do dia 29 no Brasil) será para sempre marcada pelo luto no mundo do esporte. Há um ano, a tragédia aérea com a delegação da Chapecoense, em Medellín, comoveu e chocou o planeta. 77 pessoas estavam a bordo da aeronave da LaMia, que caiu por falta de combustível quando a Chape chegava na Colômbia para a final da Sul-Americana contra o Atlético Nacional.

Apenas seis sobreviveram: o goleiro Jackson Follmann, o zagueiro Neto, o lateral Alan Ruschel, o jornalista Rafael Henzel e os tripulantes Erwin Tumiri e Ximena Suárez.

Entre os atletas, Alan Rushcel teve a recuperação mais rápida e já está de volta aos gramados vestindo a camisa da Chape. E a Gazeta do Povo conversou com o lateral um ano após o acidente (veja abaixo).

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O que mudou no Alan Ruschel um ano após o acidente?

Acho que sou um cara mais maduro. Mais maduro como ser humano, mais maduro como profissional. Dou mais valor ao que tenho, aos amigos, a família e as pessoas que gosto. A gente nunca sabe o que vai acontecer daqui cinco minutos. Então, eu procuro aproveitar o máximo da minha vida com as pessoas que eu gosto. Abraçar mais e ficar mais perto delas. Realmente a gente só dá valor para vida quando a gente perde algo.

O Caio Júnior é muito querido e respeitado em Curitiba. O que você aprendeu com ele e qual é o momento que vocês passaram juntos que te vem na memória?

O Caio era um cara muito querido. Ele foi um cara importante para mim porque eu estava há um bom tempo sem jogar. E foi ele que me colocou de volta. Ele queria me colocar no meio de campo, igual está sendo hoje em dia. Foi em uma partida contra o Sport que a gente ganhou de 3 a 0. Depois ele me escalou de novo, mas acabou me tirando do time. E nesse momento ele foi muito coerente. Ele chegou e falou assim: ‘Alan, você me ajudou muito. Não estou te tirando por deficiência técnica. É por questão tática. E aquilo me marcou bastante porque ele foi muito sincero comigo. Ele me mostrou sinceridade e um cara que me deixou uma lembrança boa.

Naqueles dias que você estava no hospital em Medellín, você teve noção da dimensão de como a dor da tragédia foi recebida no Brasil e no mundo?

Até hoje eu vou falar verdade que não temos muita noção do que aconteceu naqueles dias. Eu fui olhar o que tinha acontecido só quando eu cheguei em Chapecó. Quando eu estava na Colômbia eu não vi nada e não quis saber de muita coisa. Eu notei a dimensão do que tinha acontecido logo quando eu cheguei aqui. E vi que foi uma coisa que tocou o mundo inteiro, só que infelizmente uma coisa ruim. Mas são planos de Deus, nós não podemos mudar e nem questionar. Eu nunca questionei Deus porque eu sobrevivi. E sim o para que eu fiquei? Só o tempo vai me dizer para eu passar aos outros. Espero que Deus me guie para eu entender o porquê e para que...

Você tem contato com familiares das vítimas?

Eu tenho contato com algumas pessoas, principalmente com a Letícia, esposa do [goleiro] Danilo. Também com Susana, mulher do [zagueiro] Thiego. Eu tinha amizade com todo mundo, mas amizade mesmo eu tinha com algumas pessoas. Como é normal em qualquer profissão. Eu me aproximei muito do Danilo e do Follmann, que já era meu amigo da antiga.

E como você vê a situação dessas famílias que entraram na Justiça cobrando direitos não cumpridos pela Chapecoense?

É difícil falar sobre esse assunto porque eu estou vivo. Quem perde, como perdeu, eu não tiro a razão de ninguém. Então é difícil comentar sobre isso.

Para finalizar, como está sendo sua volta aos gramados. Você esperava voltar tão rápido jogar em alto nível depois de sobreviver a um acidente de avião?

A forma como eu voltei a jogar e o tempo que eu voltei me surpreendeu. Achei que fosse demorar um pouco mais e acabei voltando em oito meses depois de um grave acidente. Estou feliz com a minha volta, acho que superei as minhas expectativas.

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