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Paranaense Eliseu Santos, medalhista na Paralímpíada de Pequim, tenta o bicampeonato | Patricia Santos/ CPB
Paranaense Eliseu Santos, medalhista na Paralímpíada de Pequim, tenta o bicampeonato| Foto: Patricia Santos/ CPB

Londres - O paranaense Eliseu dos Santos se tornou pai há apenas quatro dias, mas ainda não conhece o pequeno Nicolas, nascido em Curitiba. O motivo é a Paralimpíada de Londres. Hoje, ao lado de Dirceu Pinto, ele estreia na disputa de duplas da bocha, classe BC4. Os dois iniciam a luta para repetir o ouro conquistado em Pequim, há quatro anos.

Santos, que também levou um bronze na competição individual na China, está em uma das modalidades mais procuradas no grupo dos esportes adaptados. O diferencial da bocha é o grau de inclusão, pois possibilita a prática esportiva a pessoas que possuem grandes deficiências, como aquelas que apresentam paralisa cerebral com disfunção motora que afeta todo o corpo.

Ela – tratada em regra como passatempo nos clubes do Brasil – ainda tem um significado histórico para o Brasil. Foi neste esporte, ainda disputado em grama na época, que o país conquistou as primeiras medalhas em Paralimpíadas: Luiz Carlos da Costa e Robson Almeida ficaram com a prata nos Jogos de Toronto, em 1976.

Ao lado do goalball, a modalidade é uma das únicas que não possui uma disputa equivalente no programa da Olimpíada. O objetivo no jogo é colocar o maior número de bolas perto de uma bola alvo (bolim), o que exige muita concentração e uma boa estratégia.

"O esporte tem história. Eu escolhi porque foi o esporte que vi que tinha condições de treinar e competir em alto nível. Como não tenho muita agilidade e força, a bocha caiu como uma luva para mim", conta Santos.

O atleta, nascido em Telêmaco Borba, perdeu os movimentos dos membros inferiores em razão de uma distrofia muscular. Com 35 anos, ele pratica a atividade esportiva desde 2005. Atualmente, treina entre 5 e 6 horas todos os dias, com exceção de domingo, na Associação dos Deficientes Físicos do Paraná (ADFP), em Curitiba.

Na Paralimpíada de 2012, o objetivo é que, além do paranaense, outros atletas do país também subam ao pódio na bocha. "Fizemos a melhor preparação da história brasileira. Pela primeira vez, tivemos três etapas de treinamento, um intercâmbio internacional, uma aclimatação no país sede. Estamos reunidos desde o dia 13: são quase 20 dias só pensando direto em Londres", relata o paranaense Darlan Ciesielski que, desde 2006, é um dos técnicos da seleção.

"Os atletas tem a nítida noção que qualquer adversário é perigoso, mas estou acreditando que a gente briga, com reais chances, por cinco medalhas. Nossa equipe [composta por sete competidores] é ótima", complementa o treinador.

Ainda mais motivado depois do nascimento do primeiro filho, Santos espera que uma medalha seja o primeiro presente do herdeiro. "Por enquanto, só vi fotos dele. Mas já é um baita combustível para eu fazer o meu máximo aqui e conseguir um excelente resultado", diz.

*O jornalista viajou a convite do Comitê Paralímpico Brasileiro.

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