Josiel testa fama de Josigol

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A fala mansa nas entrevistas, carregada com o forte sotaque do interior gaúcho, não dá a dimensão exata da popularidade que Josiel ganhou com os cinco gols e a artilharia isolada do Brasileiro. Requisitado, o atacante paranista obrigou a imprensa pernambucana a se desdobrar em busca de informações sobre o mais eficiente matador do Nacional. Todo mundo quer saber um pouco da história desse ex-garimpeiro com cara e cabelo de Oswaldo Montenegro, e principal motivo de preocupação para a defesa do Náutico no jogo de amanhã, às 18h10, no Recife.

Com seu jeito meio rústico, de poucas mas precisas palavras, Josiel parece dar de ombros para a fama repentina. Não demonstra sinais de deslumbramento, apesar de confirmar que o mundo da bola passou a enxergá-lo com outros olhos após a seqüência de gols no campeonato.

"Como eu não era conhecido, não tinha grande nome, todo mundo quer saber quem é tu, porque fez tantos gols em tão pouco tempo. São clubes, empresários, imprensa... todo mundo me ligando", diz ele, saboreando a melhor fase da carreira aos 26 anos.

Josigol para torcida tricolor ou simplesmente "Tchê" para os colegas de time, ele se viu em meio a uma polêmica involuntária há dez dias. Marineu Ziani, atual presidente do gaúcho Inter de Santa Maria, contestava a transação feita pelos antecessores, que negociaram 90% direitos federativos do atleta com o Paraná no fim do ano passado – o clube quita a penúltima parcela de 20% do valor da transferência no próximo dia 22. "Me obriguei a ter um cuidado maior com tudo agora", revela.

Mal-entendido desfeito, dentro de campo Josiel começou a conviver com algo inédito na trajetória profissional: a marcação cerrada dos zagueiros. Já no jogo com o São Paulo, no domingo passado, o trio formado por André Dias, Miranda e Edcarlos não deu sossego ao camisa 9. Sem espaço, ele passou pela primeira vez em branco no Brasileiro-07. "A artilharia fez com que o Josiel fosse mais respeitado", afirma o técnico Pintado, que prega a constante movimentação como solução para as armadilhas adversárias.

O gaudério tricolor só não quer ficar rotulado como "cavalo paraguaio", definição dada por Romário para o artilheiro que sai na frente, mas não costuma manter a regularidade de bolas na rede. "Só gols e vitórias mantêm a boa fase", diz, antes de ser recrutado para outra entrevista. Sinal da popularidade.