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 | Suzanne Plunkett /Reuters
| Foto: Suzanne Plunkett /Reuters

Quando a judoca Wojdan Shaherkani (foto) entrar no tatame amanhã, às 5h33 (de Brasília) para enfrentar a costa-riquenha Melissa Mojica na categoria +78 kg, ela se tornará a primeira mulher a representar a Arábia Saudita em uma Olimpíada. Antes mesmo de competir, ela já venceu uma disputa inusitada entre esporte e religião.

Na quinta-feira passada, a Federação Internacional de Judô disse que ela não poderia lutar com o véu tradicionalmente usado por mulheres muçulmanas, pelo acessório ser contra a natureza da modalidade. Foi o suficiente para o Comitê Olímpico Saudita ameaçar tirá-la da prova.

As duas organizações chegaram a um acordo na terça-feira, após o Comitê Olímpico Internacional (COI) apaziguar os ânimos e garantir a vontade do país islâmico.

Wojdan não foi a única mulher a enfrentar dificuldades para participar do maior evento esportivo do mundo.

A afegã Tahmina Kohistani relatou à imprensa britânica a oposição de seus conterrâneos à sua decisão de correr na prova dos 100 m rasos, que começa amanhã, às 6h40. A terceira mulher a representar o Afeganistão nos Jogos, país que participa do evento desde 1936, disse que centenas de pessoas torcem contra ela durante seus treinos em Cabul.

Segundo a corredora, a visão em seu país é de que mulheres não deveriam sequer tentar praticar esportes.

A outra atleta a competir pela Arábia Saudita nesta Olimpíada, a corredora Sarah Attar, deve ter ficado livre deste tipo de problema, já que treina nos Estados Unidos. Sua família vive em San Diego, no estado da Califórnia, mas seu pai é saudita, o que a permitiu ter dupla cidadania.

"Espero que isso faça as mulheres se envolverem mais com esportes lá", disse Sarah na época em que foi convidada para os Jogos. A estreia da fundista está programada para a corrida dos 800 m na próxima quarta-feira.

A organização internacional de defesa de direitos humanos Human Rights Watch comemorou a decisão da Arábia Saudita de levar atletas do sexo feminino à Olimpíada, mas pediu mais reformas. De acordo com a entidade, o país é o único do mundo que não oferece equipamentos para prática esportiva às mulheres no sistema público de ensino.

A Arábia Saudita foi o último participante destes Jogos a confirmar o envio de atletas do sexo feminino, após Catar e Brunei aceitarem o pedido do COI, que prega a igualdade de gêneros na competição. No total, as três delegações enviaram sete mulheres, o que fez de Londres-12 a primeira Olimpíada em que todas as nações participantes foram representadas por atletas de ambos os sexos. Em 1996, 26 países não levaram atletas do sexo feminino ao evento.

* Mulheres poderosas

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