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 | Flávio Neves/Diario Catarinense
| Foto: Flávio Neves/Diario Catarinense

Entrevista com Marcos Malaquias, empresário

Quanto vale uma convocação para a seleção brasileira?

No caso do Henrique, por exemplo: mesmo o jogador sendo do Barcelona, o maior clube do mundo, ele não teve oportunidade de jogar oficialmente. Nós projetamos um crescimento na carreira dele e é importante que ele passe pela seleção para que isso aconteça. Recebemos um e-mail do Barça valorizando a convocação.

E para o empresário?

Você ter um jogador na seleção, e no nosso caso temos dois, nos dá mais credibilidade. Os jogadores querem trabalhar com a gente, que temos jogadores na seleção. Nós não queremos ter muitos jogadores [como clientes], mas, se quiséssemos, podíamos usar isso. Nossa meta é que na próxima estejam o Rafinha, o Keirrison...

É importante ser bem relacionado com o técnico da seleção para que isso aconteça?

Eu não o conheço, mas acho válido. É relacionamento. Todo mundo ganha.

  • Confira a lista dos novos empresários da nova seleção

A renovação na seleção brasileira, iniciada com a convocação feita pelo técnico Mano Menezes, não significa apenas a expectativa de um time mais jovem pensando na Olimpíada de 2012 e na Copa de 2014. É também uma oportunidade para que empresários vejam esses novos valores do futebol nacional brilhando com a camisa amarela e, o mais importante (ao menos para eles): transformem a vitrine em lucro.Dezoito empresários cuidam das carreiras dos 24 convocados (Mano cortará Sandro ou Hernanes em função da Libertadores, que terá Inter ou São Paulo na decisão) para o amistoso do dia 10 de agosto contra os EUA, em Nova Jersey. Seis deles têm o privilégio de contar com dois selecionáveis na carteira de clientes. Um é o paranaense Marcos Malaquias, da Mais Sports: o zagueiro Henrique e o goleiro Renan – grande surpresa da lista. A valorização é imediata."Já nos ligaram para ver qual é a situação dele, como está o contrato", conta Malaquias sobre o goleiro do Avaí, um dos poucos atletas do clube catarinense a não estar na carteira de outro paranaense, Luiz Alberto Oliveira, da LA Sports. Malaquias não quis falar em valores, mas contou que apenas a convocação já colocou Renan em outro nível: "Quando o jogador ‘carimba’ a seleção no passaporte, isso valoriza demais. Os clubes lá fora o procuram." O reflexo foi sentido em todos os cantos. O zagueiro David Luiz, do Benfica, por exemplo, foi cotado para reforçar o poderoso Real Madrid ou o emergente Man­chester City apenas um dia após a convocação.Há, entretanto, quem não goste do assunto. Gilmar Veloz, empresário do paranaense Alexandre Pato, procurou ficar distante das benesses. "Para mim não vale nada. Para ele, como atleta, sim. Se o cara é convocado, bom para ele. Não sou dono de jogador, o dono é o Milan", disse. Já o empresário Joel Malucelli, detentor de 50% dos direitos econômicos do volante Jucilei, do Corinthians, não se omite quanto ao valor que o mercado vê na seleção. "O valor do atleta passa a ser cotado em euros. E o Jucilei, pelas características físicas, tem perfil para jogar nos principais times da Europa. As expectativas são as melhores possíveis", diz, sabendo que uma negociação para o exterior pode ficar mais próxima: "Sempre daremos prioridade ao Corinthians, mas sem dúvida passou a ser um cheque valorizado".Vestir a camisa pentacampeã rende mais que prestígio. Foi assim que o desconhecido atacante Afonso Alves trocou o obscuro Heerenveen, da Holanda, pelo rico futebol inglês. A passagem pelo Middlesbrough – e pela seleção, na era Dunga – durou pouco, mas rendeu R$ 40,5 milhões. Boa parte do lucro para o empresário Roberto Tibúrcio. No comando da máquina nacional, Mano também passa a ficar na mira da opinião pública. O técnico é agenciado por Carlos Leite, empresário que teve dois convocados e que gerencia a carreira de 12 jogadores do Grêmio (ex-clube de Mano), 5 do Corinthians (último do clube do técnico) e do coxa-branca Enrico, por exemplo.A partir de agora, até que uma base se forme, o torcedor vai ouvir vários novos nomes – e certamente desconfiar da qualidade de alguns. Enquanto isso, os empresários tentarão aproveitar a brecha. "Para o mercado, empresarialmente, o nome fica ainda mais forte", admite Malaquias. O caminho inverso também é válido: jogadores passam a procurar os empresários, pensando na seleção.

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