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Jogo político pela Olimpíada 2016: presidente Lula e a comitiva política do Brasil unem as mãos em evento na Dinamarca | Franck Fife/AFP
Jogo político pela Olimpíada 2016: presidente Lula e a comitiva política do Brasil unem as mãos em evento na Dinamarca| Foto: Franck Fife/AFP
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Copenhague - "Sim, nós podemos". Foi com su­­til ironia que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva definiu on­­tem as chances da candidatura do Rio à sede dos Jogos Olímpicos de 2016. Parodiando o slogan de campanha do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, Lula destacou, em entrevista concedida em Copenhague, a posição do Rio como única cidade de um país emergente. Teoria reforçada pela comparação entre a postulação carioca – uma "superação" – e a sua história pessoal. Tudo no superlativo.

"Fica muito bonito dito por um americano (Yes, we can), mas no Brasil nós sempre fomos acostumados a dizer que não podemos", afirmou. "Posso garantir que hoje no mundo nenhum país tem certeza de seu futuro como o Brasil. Nossa autoestima está mais elevada porque as pessoas têm clareza de que o Brasil vive uma espécie de momento mágico É esse Brasil que queremos mostrar aos delegados e de­­legadas", prosseguiu.

O presidente passou boa parte do dia recebendo votantes em uma suíte no sexto andar do i­­menso hotel Marriot e tentando, como ele definiu, "vender a eles o futuro do Brasil". Con­­versou pessoalmente com um a um, em português, auxiliado pelo intérprete.

Parou apenas para almoçar, em uma recepção da rainha da Di­­namarca, Margrethe 2.ª, da qual fizeram parte o casal real espanhol, rei Juan Carlos e rainha Sofía, e a primeira-dama americana, Michelle Obama, além de representantes japoneses e da apresentadora americana de tevê Oprah Winfrey.

O discurso do desenvolvimento foi recorrente nos últimos esforços por votos para o Rio. Em encontros com membros do COI, ontem, a comitiva brasileira si­­nalizava com a "exportação" de pro­jetos sociais do país. Pro­­gramas como o Segundo Tempo, do Ministério dos Esportes, que desenvolve atividades esportivas no contraturno escolar com a fi­­nalidade colaborar para a in­­clu­­são social, foram oferecidos aos representantes de países africanos e em desenvolvimento.

"A cooperação existe para além da disputa (no COI). A candidatura é parte da estratégia de afirmação do Brasil no mundo", afirmou Orlando Silva, ministro dos Esportes.

Áreas de influência

Pelas projeções da candidatura brasileira, há boas chances de o Rio-2016 conseguir boa parte dos 15 votos da África e também dos 18 da América. A América Latina é considerada área de influência por a cúpula da Odepa (Orga­­ni­­zação Desportiva Pan-Ame­­ri­­cana) apoiar a postulação do país.

Junto aos africanos, além da oferta de programas sociais o Brasil conta com dois fortíssimos cabos eleitorais: Pelé e o ex-presidente da Fifa, João Havelange.

A campanha carioca também tem buscado o segundo voto. Ou seja, convencer aqueles que vão votar em cidades que eventualmente sejam eliminadas a optar pelo Rio nas rodadas seguintes. "Buscamos o primeiro, o segundo e o terceiro votos", brincou o secretário-executivo do comitê da Rio-2016, Carlos Roberto Osório.

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Eleição

Acordos políticos não são decisivos

Um encontro entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o rei espanhol Juan Carlos retrata a atuação de chefes de Estado na disputa por 2016. Na porta do hotel Marriot, o brasileiro pediu apoio para o projeto carioca. Após beijá-lo, o convidou a selar "a aliança Rio-Madri". Os dois países já fecharam acordo de apoio mútuo no caso de um deles ser eliminado.

O rei confirmou o apoio: "As duas (cidades) são boas", disse. "É boa (a ideia)", completou, sorridente. Mas há boas chances desses acordos eleitorais feitos por governantes – e proibidos pelas regras do COI – não terem efeito sobre a votação. É o que dizem membros da entidade.

"Eu sou das Filipinas. Não preciso me preocupar com isso (acordos dos governantes). Mas, no final das contas, quem aperta o botão é o membro do COI. E, não se esqueça, o voto é secreto", contou Francisco Elizalde, delegado do comitê.

Integrantes do COI ouvidos dizem votar de forma independente, sem interferência de seus governos. "Não necessariamente os membros seguirão o que diz seu país. O meu não diz em que devo votar", disse o canadense Richard Pound.

Há uma maior tendência a seguir o líder do país quando os integrantes do comitê têm vida política. Alguns foram chefes de Estado, e outros, ministros. Ainda há grandes empresários.

Mas se não é determinante, é certo que o lobby dos líderes tem algum efeito junto aos eleitores. Pound classifica Lula como muito carismático.

E não foram poucos os membros do COI que fizeram um verdadeiro corredor para receber a primeira-dama Michelle Obama, na quarta-feira.

Mesmo quem reconhece o carisma dos líderes, desdenha deles na hora de votar. "O COI é totalmente independente", exagerou o delegado olímpico israelense Alex Gilady.

Mas, sendo de Israel, ele está na zona de influência dos EUA. É fato que a geopolítica mundial influencia os votantes, mesmo que eles não admitam.

O português Fernando Bello, outro membro do COI, por exemplo, teria uma tendência a votar no Rio por conta da relação de seu país com o Brasil. "Mas tento deixar isso um pouquinho de lado na hora de olhar as candidaturas", disse.

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