Offenbach, Alemanha O presidente Lula deixou Carlos Alberto Parreira em uma saia-justa durante videoconferência com o técnico e jogadores da seleção, ontem. Acostumado a fazer analogias entre as atitudes do seu governo e o futebol, o petista abriu a conversa perguntando sobre o peso do atacante Ronaldo.
"Afinal, ele está gordo ou não?", questionou Lula. "Ele está muito forte, presidente. Já não é mais aquele garotinho, mudou o biótipo", devolveu Parreira.
O presidente desejou sorte ao grupo, pediu o hexa e se dirigiu diretamente a dois jogadores: Cafu e Robinho. Ao capitão, sugeriu muita conversa com os atletas mais jovens para evitar que eles caiam na provocação dos adversários. "Não deixa essa meninada tremer, Cafu. Dentro de campo, vocês têm que pedir para os garotos não perderem em cabeça. A gente lembra de 1994, quando o Leonardo acertou uma cotovelada no jogador norte-americano (Tab Ramos) e foi expulso", afirmou.
Já para Robinho, desejou um lugar no time. "Vamos ver se o Parreira te dá uma colher de chá", disse Lula, que também perguntou sobre o estado de saúde de Zagallo.
Apesar do clima amistoso do bate-papo, Parreira refutou qualquer possibilidade de uso da seleção com fins eleitoreiros algo perigoso em ano de eleição presidencial. "Desde 1970 eu estou na seleção e sempre o presidente se despedia do time antes do embarque. Não é uma coisa nova. Não é a primeira vez. Não vejo nada demais em o presidente mais uma vez se interessar em cumprimentar e falar com a equipe. Não vejo uso político nenhum nisso", defendeu.
Ao ser questionado se aceitaria alguma sugestão, alguma cornetagem de Lula durante a conversa, Parreira foi hábil. Desta vez, foi ele quem usou a política, dizendo que o presidente é apaixonado por futebol e que aceitaria o palpite como o de um torcedor, sem considerar como uma intromissão. E foi além. Chamou o ex-sindicalista de "torcedor número 1" pela posição que ocupa.
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