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Tempo

Um minuto a menos. A partir de 2014 as mulheres terão o tempo de luta reduzido de cinco para quatro minutos, exigindo adaptações das judocas. A alteração tem por objetivo tornar os combates mais dinâmicos. "É uma mudança totalmente desnecessária, podendo ser vista como uma ação discriminatória em relação às mulheres", afirma o coordenador do Grupo de Estudos e Pesquisas em Lutas, Artes Marciais e Modalidades de Combate da USP, Emerson Franchini.

No boxe ou no MMA, a briga dos atletas com a balança faz parte do espetáculo. Tanto que a pesagem é feita diante das câmeras fotográficas e da tevê, além de render desafios entre os oponentes. No judô, a confirmação do peso é mais discreta. Ainda assim, nos últimos dois anos a questão ganhou os holofotes por causa de polêmicas nas mudanças nas regras em torno de como os judocas sobem na balança.

INFOGRÁFICO: Mudanças na pesagem dos atletas do judô vêm acontecendo nos últimos anos

Em 2013, a determinação da Federação Internacional de Judô (FIJ) para que a pesagem não fosse feita mais horas antes do início das lutas, mas sim no dia anterior foi considerada um "retrocesso" pelo coordenador-técnico da Confederação Brasileira de Judô (CBJ), Ney Wilson.

Neste ano a norma vai sofrer novo ajuste: no dia dos combates, um sorteio determina que alguns judocas de cada categoria farão nova pesagem antes de subir no tatame. Se extrapolarem mais que 5% do limite da categoria, estão fora da competição. "Ficou ruim igual. É uma preocupação a mais para o atleta. Pesando no dia anterior, o judoca podia se concentrar na competição. O ideal é a pesagem no dia da luta para todos", diz a técnica da seleção brasileira feminina, Rosicléia Campos.

A segunda pesagem surge como medida para tentar inibir a grande variação de peso que alguns atletas vinham apresentando entre a pesagem oficial e o início dos combates. Em um intervalo médio de 12 horas, alguns judocas apresentaram variações estimadas entre seis e oito quilos, medidas recuperadas principalmente com a reposição de líquidos. "Não sei como conseguem ganhar tanto peso tão rápido, mas tem acontecido", diz Maria Portela, atleta da seleção da categoria até 70 kg e que fora dos dias de pesagem oficial, pesa em torno de 72 kg, dentro da margem de 5%.

Para o professor e coordenador do grupo de Estudos e Pesquisas em Lutas, Artes Marciais e Modalidades de Combate da USP, Emerson Franchini, a perda de massa corporal brusca, de forma recorrente, traz riscos para o futuro do atleta. "Há o risco de desenvolverem problemas associados a ganho excessivo de massa corporal após o término da carreira e terem distúrbios alimentares", aponta. "Mas 86% dos judocas no Brasil fazem uso da perda de peso rápida para competir."

Para ficar "magro", os atletas normalmente abusam dos exercícios físicos e da redução na ingestão de alimentos e líquidos na semana que antecede as lutas.

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