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John Lineker versus John Lineker: atleta peso-mosca de Paranaguá recorre a especialista americano para perder quilos a mais | Marcelo Andrade/Gazeta do Povo
John Lineker versus John Lineker: atleta peso-mosca de Paranaguá recorre a especialista americano para perder quilos a mais| Foto: Marcelo Andrade/Gazeta do Povo

Profissionalismo

"Estava a um passo do cinturão", lamenta parnanguara

"John Lineker é um grande lutador. O cara é tão bom que se tivesse batido o peso em todas as suas vitórias agora estaria disputando o título".

A frase do presidente do UFC, Dana White, dita após a vitória do brasileiro sobre o inglês Phil Harris, há duas semanas, em Manchester, na Inglaterra, caiu como uma bomba sob a cabeça do atleta paranaense.

"Isso daí foi muito duro para mim. Estava a um passo do cinturão e agora acho que vou ter de lutar mais algumas vezes para disputar o título. Mas foi um aprendizado. Tenho de treinar e mostrar que consigo bater o peso", lamenta o peso-mosca, que se sentiu ameaçado até de demissão do evento pelas repetidas falhas diante da balança. Foram três em cinco combates.

"Com certeza [me senti ameaçado]. O Dana considera isso uma falta de profissionalismo, então tenho de ser mais profissional, focar no objetivo. Não tiro a razão dele. Mas agora é outra cabeça. Estou amadurecendo", completa o lutador, que terá acompanhamento do renomado nutricionista americano Mike Dolce para bater os 56,8 kg da divisão.

  • Lineker descansa após treino na academia em Paranaguá

Aos 23 anos, John Lineker esteve muito perto se tornar o próximo brasileiro a disputar um cinturão do UFC. O paranaense, que vinha de três vitórias seguidas na organização, porém, deixou a chance escapar duas semanas atrás, antes mesmo de entrar no octógono contra o inglês Phil Harris. Pela terceira vez em cinco lutas, o peso-mosca esbarrou na balança. Situação que a partir de agora, com ajuda de um especialista, promete nunca mais repetir.

A esperança para acabar com os problemas do lutador de Paranaguá chama-se Mike Dolce. Ex-lutador de artes marciais mistas (MMA), o americano é referência quando o assunto é perda de peso. Nomes conhecidos como Vitor Belfort, Chael Sonnen e Johnny Hendricks são supervisionados pelo ‘técnico de performance’, como ele próprio se intitula. Seu trabalho inclui nutrição, força e condicionamento, mas é feito de forma nada tradicional.

"Muitos lutadores seguem métodos ultrapassados de perda de peso, baseados em passar fome e desidratação. Fazer sombra em saunas quentes vestindo roupas de plástico por horas a fio não é a melhor coisa para se fazer um dia antes da performance da sua vida. A Dieta Dolce não usa esses artifícios", explica Dolce, em entrevista por email à Gazeta do Povo.

"Isso é tudo o que mais quero. Não precisar sofrer na sauna ou com aquela roupa térmica. Vou seguir tudo o que ele pedir", comemora o parnanguara, que ainda não sabia como funcionava o método do americano.

A batalha de Lineker, na verdade, é mais contra si mesmo do que contra a balança. Sua meta é alcançar 56,8 kg um dia antes dos eventos. Para os duelos que não valem o cinturão, há tolerância de 400 g. Mas mesmo com o desconto, existe um longo caminho entre o objetivo e os habituais 72 kg pesados por ele fora de treinamento. Da última vez, contra Harris, faltaram 1,7 kg. Uma eternidade em termos de MMA.

"Acho que erramos o momento de cortar a água. Tira­mos antes da hora e por isso não consegui mais perder peso. Fiz 50 minutos de esteira e 40 minutos de banheira [de gelo] no dia da luta e não suei quase nada", relata o atleta, que acabou multado em 25% do pagamento. Para a sorte dele, dentro do ringue, o trabalho foi cumprido com precisão. Nocaute técnico no primeiro round, com atuação extremamente dominante.

Agora, Lineker terá de seguir a nova dieta com muito mais rigor. Pizza de frango com catupiry, a preferida dele, só em raras exceções, mesmo ainda sem luta marcada. "Espero que o John tome suas decisões como um campeão mundial", avisa Dolce, que irá trabalhar com o brasileiro a partir de dezembro, em campos de treinamento na academia American Top Team (ATT), na Flórida, e talvez também no Brasil.

"Temos de ir à raiz do problema. Ele foi indicado pelo Dan Lambert, dono da ATT, que é amigo do empresário dele, Alex Davis. Já sofremos três vezes, então temos de ser humildes e entregar o John na mão de um cara de respeito que vai nos dar segurança e fazê-lo lutar até melhor, sem precisar enfraquecer", resume o técnico Marcelo Ribeiro, que vai acompanhar o lutador nos períodos de treino nos Estados Unidos.

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