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Fred Chesondin (número 57), do Quênia, no pelotão de frente da maratona | Henry Milléo/Gazeta do Povo
Fred Chesondin (número 57), do Quênia, no pelotão de frente da maratona| Foto: Henry Milléo/Gazeta do Povo
  • Oscar Miranda e Aretino Leite: paixão por correr
  • Diogo Ratacheski disputou a prova de 10 km

A Maratona de Curitiba reuniu ontem pela manhã, com largada e chegada na Praça Nossa Senhora de Salete, no Centro Cívico, quatro mil corredores de rua. Alguns, profissionais do esporte; a imensa maioria, amadores, coadjuvantes que fazem de cada passada uma conquista pessoal – além dos 42 km, há percursos de 3 km, 5 km e 10 km. Com essa mistura, a prova, considerada uma das mais exigentes do país, teve ingredientes bem conhecidos, como a vitória dos incansáveis fundistas quenianos, tanto no masculino quanto no feminino. Mas o evento é marcado mesmo pelas histórias desconhecidas que se misturam no mar de atletas.

Uma delas é de lealdade e perseverança. O metalúrgico Oscar Barbosa Miranda, de 59 anos, acompanha de perto a maratona desde sua primeira edição, em 1997. Calçar o tênis e desafiar o corpo até a linha de chegada já virou compromisso fixo na agenda dele, todo penúltimo fim de semana de novembro. Esse relacionamento sério com a corrida teve início, como em muitos casos, por aconselhamento médico. Culpa da pressão alta diagnosticada há 17 anos. "Dali já voltei correndo para casa e não parei mais", conta, orgulhoso. "A primeira [prova] foi muito mais difícil porque a gente faz coisas que não deve. Agora, só vou na boa", conta, com ar de veterano.

Também metalúrgico e também de 59 anos, Aretino Leite era outro que se preparava para o desafio matutino. A coincidência com Miranda, porém, para na idade e na profissão. Leite teve outro tipo de estímulo para começar a correr pelas ruas de Curitiba: o exemplo da esposa, que foi apresentada ao esporte amador um pouco antes. "Foi influência dela", admite ele, que ganhou uma nova paixão. "Depois da corrida, minha vida melhorou demais", relata.

O sentimento é o mesmo de Diogo Ratacheski. Mas no caso do ex-campeão brasileiro de escalada, hoje com 32 anos, vencer os 10 km de estrada significa superação. Em 2006, após um acidente de carro em Balneário Camboriú, ele passou um mês inconsciente na UTI. Acordou sem o movimento das pernas. Trocou a escalada pela corrida, na categoria cadeirante.

"É a terceira prova que faço. Tenho treinado direto no Parque Barigui", fala. Em meio ao tajeto de ontem, ganhou muitos aplausos e gritos de apoio dos espectadores. "O esporte é tudo na minha vida, ao lado da minha esposa. Ela e o esporte me motivam todo dia", diz, com a esperança de chegar ainda mais longe. "Já cheguei a correr 20 quilômetros, mas quero a meia maratona", promete. Para tanto, além dos treinos para fortalecimentos dos braços, sua mola propulsora, busca patrocínio para conseguir uma cadeira de rodas adequada.

Enquanto os atletas amadores buscam somente a realização pessoal a cada passada, os profissionais simbolizam o aspecto mais sério e competitivo da maratona de Curitiba. E ninguém conhece melhor os atalhos para o triunfo nos 42 km do que os fundistas quenianos.

No masculino, Fred Chesondin manteve essa soberania africana com um Sprint no quilômetro final; Jackeline Rionoripo fez o mesmo, com mais facilidade, entre as mulheres. Mas mesmo entre os concorrentes de elite, há espaço para valorizar pequenas conquistas. "Honrei o Brasil. Fiz a minha prova no ano, que foi dura, mas é minha primeira maratona depois de operar uma hérnia", valorizou o mineiro João Fonseca, segundo colocado, após dominar a maior parte da prova e ser "atropelado" no fim.

Colaborou: Diego Ribeiro

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