Massa põe emoção na briga pelo título

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Interlagos viveu ontem um dia de êxtase. Público em pé. Gritos. Aplausos. Bandeiras da Ferrari e do Brasil se misturando na arquibancada. Na entrada dos boxes, Felipe Massa sobe no carro vermelho número 2 para saudar os fãs. Não satisfeito, corre para a mureta. Pede um segundo de sossego aos fotógrafos para que possa curtir a vibração que acabara de provocar nos mais de 53 mil presentes.

Minutos antes, havia cravado a pole position para o GP Brasil de Fórmula 1, hoje, a partir das 15 horas. Mais do que isso. Lewis Hamilton, líder do campeonato, ficou apenas em quarto lugar com a McLaren. E a dura missão do brasileiro começou a se tornar um pouco mais possível.

"É uma sensação incrível ser pole aqui pela terceira vez consecutiva com a Ferrari. Toda essa emoção, essa energia. A torcida inteira vestida de verde e amarelo, pulando. É um prazer sensacional. Não tenho palavras", afirmou.

Massa só tem uma fórmula para tomar o título de Hamilton: vencer e torcer. O inglês lidera o Mundial com 94 pontos, 7 a mais que o ferrarista. Se ganhar, o brasileiro precisa ver o rival no máximo em sexto.

A dificuldade indicada pelos números torna-se ainda mais evidente quando se olha para a história da categoria. Em 58 campeonatos, a F-1 só viu um piloto ser campeão em casa: o italiano Giuseppe Farina, na primeira edição, em 1950. Viradas também são raras na prova final: nove. O número de vezes em que o campeão tirou sete pontos, menor ainda. Somente uma, com Kimi Raikkonen, no ano passado.

Na conta de nove viradas entram duas protagonizadas por Nelson Piquet: em 81, sobre Carlos Reuteman (tirou um ponto), e em 83, contra Alain Prost (descontou dois). Nenhuma delas no Brasil. Como também não foram no país o tricampeonato de Nelsão, os dois títulos de Emerson Fittipaldi e os três de Ayrton Senna. O terceiro, em 1991, foi o último de um brasileiro na F-1.

Assim, Massa corre para fazer algo único na categoria: ser o segundo piloto a tirar sete pontos na última prova; o primeiro brasileiro campeão em casa; e interromper um hiato de 58 anos sem que um corredor conquiste o título perante sua torcida. Um cenário perfeito demais para qualquer sonho do brasileiro.

"Meu sonho sempre foi ser um piloto de Fórmula 1. Não posso imaginar como seria conquistar um título em casa", disse o piloto, que começou em família a semana mais importante da sua careira.

No domingo, comemorou o aniversário da sua mãe, Ana Elena, com um churrasco em casa. Pouco hábil com os espetos, deixou o preparo nas mãos do pai, Titônio. Depois, todos foram ao cinema assistir a As Duas Faces da Lei, com Robert De Niro e Al Pacino, seus ídolos no cinema.

Na segunda-feira, iniciou uma maratona de eventos e entrevistas. Embora admita não ser um leitor habitual, doou livros a uma escola pública. Visitou o estande da Ferrari no salão do automóvel. Foi a promoções dos seus patrocinadores. E, finalmente, pôs os pés no autódromo, na quinta-feira. Sempre cercado de jornalistas e fãs.

No discurso, a obsessão por vencer a prova de hoje e a consciência de que precisará de uma ajuda divina para ser campeão. Posição reafirmada ontem, com a pole garantida, quase em tom de provocação.

"A pressão está sobre os ombros do Hamilton. Não temos nada a perder. Ele tem a obrigação de ser campeão, pois chegou aqui sete pontos na minha frente", falou Massa.

Um personagem ainda "pequeneninho" perto dos demais campeões brasileiros, como ele mesmo se definiu ao assumir a liderança do Mundial, na França, mas com chance de conseguir um feito grandioso até mesmo para a rica história da Fórmula 1.

Na TV

GP Brasil, às 15 horas, na RPC TV.