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Quando se fala em início de carreira no automobilismo, a primeira palavra que vem à cabeça é kart. Afinal, a categoria formou os três brasileiros campeões da Fórmula 1: Emerson Fittipaldi, Nelson Piquet e Ayrton Senna. Além deles, todos os pilotos do país que estiveram na categoria máxima passaram por lá, sendo Rubens Barrichello e Felipe Massa os maiores exemplos da atualidade. Com tantos espelhos nas pistas, jovens como Jonathan Louis e Felipe Fraga tentam seguir os passos dos ídolos para, um dia, brilhar na categoria principal.

O kartismo sempre foi um esporte caro no país, desde a época de Fittipaldi. No entanto, a presença de várias categorias de base no Brasil, como a Fórmula Ford e a Chevrolet, fomentava o interesse de pilotos e equipes. As sucessivas crises financeiras no país na década de 1990 extinguiram estes caminhos, deixando apenas a Fórmula 3 Sul-Americana como alternativa. A Europa voltou a ser a única saída.

Este quase foi o destino de Jonathan Louis, de 15 anos, que venceu a Seletiva de Kart no ano passado. O paranaense recebeu um convite para correr na equipe de Michael Schumacher na Alemanha, mas o projeto não deu certo. Ele vai correr em 2010 na nova Fórmula Future, organizada por Felipe Massa, que dará uma temporada na europeia F-Azzurra como prêmio ao campeão da primeira temporada.

"Surgiu essa oportunidade e faremos um ano como treino. Vai ser muito bom para progredir. Se eu conseguir o prêmio, ainda vou para a Europa. Tenho planos de acertar um treino com uma equipe inglesa de Fórmula 3, para conhecer o carro e as pessoas que trabalham lá. Vou trilhar esse caminho, para tentar ir para a F-1 em breve", diz Jonathan.

Em 2009, o pai de Jonathan, um empresário do ramo de embalagens plásticas, gastou R$ 100 mil apenas para mantê-lo no kart, sem contar gastos com viagens. Por causa do alto custo, o número de pilotos interessados em seguir carreira no automobilismo diminui. A Confederação Brasileira de Automobilismo (CBA) tenta reduzir gastos, mas já foi obrigada a fundir suas duas categorias top - Graduados A e B.

Felipe Fraga, de 14 anos, também encara todas essas dificuldades no Brasil. E ainda conta com um agravante: mora em Palmas, no Tocantins, longe de São Paulo, o grande centro do automobilismo no país. Só que o talento do kartista o ajudou a conseguir destaque em sua região.

"Comecei no kart aos 6 anos. Estava na rua, e meu irmão, que já corria, me chamou. A partir daí, gostei da coisa e não parei mais. Para quem quer seguir carreira no kart, não é fácil. Ter contatos, amigos, isso facilita. Eu moro em Palmas, que é uma cidade pequena. A imprensa daqui sempre me ajudou muito. Todo dia tem uma matéria minha nos jornais. Mesmo assim, é difícil arrumar patrocinador", diz Felipe.

Os pais de Felipe trabalham com transporte e materiais de construção e sustentam o sonho do garoto. Ele conseguiu seu primeiro patrocinador neste ano, que vai levá-lo para fazer corridas nos Estados Unidos e na Europa. O piloto já foi penta brasileiro consecutivo e campeão da Skusa Supernationals, a principal competição nos EUA.

Jonathan também teve dificuldades para conseguir um parceiro, apesar dos bons resultados. "Desde o começo da carreira andei bem, fiz um primeiro ano com muitas competições em 2003. Mas só fui conseguir um patrocínio no fim de 2004, aí ficou um pouco menos complicado".

O talento dos dois já rendeu reconhecimento externo. Tanto Jonathan quanto Felipe já venceram o Capacete de Ouro, considerado o Oscar do automobilismo brasileiro. Felipe, inclusive, foi convidado por Rubens Barrichello para disputar as 500 Milhas da Granja Viana de 2009 em sua equipe.

"No ano passado, fui da equipe do Barrichello na Granja Viana. Foi muito legal, todo mundo te olha. O Rubinho veio, me elogiou, o Tony Kanaan também. Fui convidado para correr neste ano também. Sonho mesmo é com a Fórmula 1, em uns seis ou sete anos".

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