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 | Hugo Harada / GP
| Foto: Hugo Harada / GP

Acessórios

Luge: Prancha acoplada com rodas e feita de alumínio, chapa de aço, bra de vidro ou de carbono. Peso máximo: 25 kg.

Capacete: Pode ser de moto e bicicross, por exemplo. Quanto mais estreito melhor e é adapt ado para diminuir o atrito com o ar

Macacão: Feito em couro e semelhante ao de motovelocidade. Não possui o "cupim", saliência próxima ao pescoço para melhorar a aerodinâmica. Tem reforço nos joelhos e cotovelos.

Calçado: Tênis ou botas reforçadas na sola com borracha de pneu para garantir a frenagem.

Luvas: Em couro. Necessáriasespecialmente para o impulsofeito no chão na hora da largada.

Joelheiras e cotoveleiras:Equipamentos para proteger asarticulações em caso de queda.

  • Confira os primeiros colocados do mundo na modalidade

Disparar ladeira abaixo deitado num carrinho sem freios, a dois centímetros do chão e a mais de 100 km/h. Tamanho risco confere ao street luge o sinistro posto de quarto esporte mais perigoso do mundo. Atrás do líder wing walking (mover-se sobre as asas de um avião em movimento), do surfe em ondas gigantes e do motocross estilo livre. O fascínio por essa adrenalina em dose cavalar colocou Curitiba no topo na modalidade. São daqui os sete primeiros colocados da última edição do Campeonato Mundial disputado no Brasil, em novembro.O domínio paranaense na ladeira de Teutônia (RS), a mais veloz do mundo, onde se disputa oficialmente a competição, contou com o título de Jades Wol­­verine e a quebra do recorde mundial de velocidade com Wa­l­­ter Baresi.

Ex-zagueiro, Baresi passou pelo futebol gaúcho, defendeu o Operário e o Pato Branco. Cansou de não receber em dia e largou o futebol há três anos. Mas não o esporte. Assim como outros lugers, encarou as descidas do Parque São Lourenço com os carrinhos de rolimã. Em uma delas conheceu Mário Jardim, o pioneiro da modalidade na cidade. Com ele aprendeu que o luge não é um primo radical do lúdico rolimã. "O esporte começou no Sul da Califórnia, nos anos 70. Os skatistas passaram a descer as ladeiras deitados em seus skates para irem mais rápido", explica.

Baresi gostou da velocidade. Aproveitou a metalúrgica do pai, fez seu próprio luge, passou a treinar e decidiu disputar o seu primeiro Mundial. "Foi também meu primeiro campeonato. O objetivo era apenas não cair", confessa. Conseguiu muito mais: "voou" para conquistar o terceiro lugar e ainda alcançou em uma das descidas 133,82 km/h, batendo a marca do norte-americano Chris Mcbrid (129 km/h).

Mesmo outros lugers mais experientes da cidade não esperavam tamanho desempenho. Marcus Rietema, presidente da Associação Internacional de Esportes de Gravidade (IGSA, sigla em inglês), organizadora do torneio, elogiou os curitibanos. Poucas cidades no mundo e nenhuma outra no Brasil têm tamanha representatividade e atletas treinando juntos. São 16 na capital, cerca de 50 no pais e 1.200 no planeta.

"Não sabíamos o nível em que estávamos. Nos surpreendemos ao descobrir que nossos maiores adversários éramos nós mesmos", disse o campeão Jades Wolverine.

Ele é irmão de Jonathan Ro­­drigues, "O Gralha", hoje presidente da Associação Curitibana de Street Luge (Slac), criada em 2008. Juntos montaram a equipe Rápido e Rasteiro, em 2006, e constroem luges para serem vendidos até para outros estados.

"Nosso trabalho é para promover o esporte. Transformar em um produto. Procurar patrocinadores. Hoje encaramos como uma empresa. Mas nosso lucro é o prazer e as conquistas", afirma Rodrigues. O próximo passo da associação é desenvolver projetos e tentar captação de recursos via Lei de Incentivo ao Esporte Mu­­nicipal. O precursor Mário Jardim já conta com esse apoio, que o permite disputar mais campeonatos. Um sonho de todos os competidores.

Outra meta é sensibilizar os órgãos públicos e conseguir melhores condições de treino. Atrás de velocidades maiores, os lugers deixaram os parques para deslizar em ruas e até nas serras de Bocaiuva do Sul e Cerro Azul. "Lá tem pouco movimento de carros e tomamos todos os cuidados possíveis. É perigoso, mas não temos outro lugar para treinar. Às vezes a polícia aparece e ajuda, em outras manda parar", conta Tiago Nunes, sexto colocado no Mundial. A preocupação au­­mentou após a morte de Rafael Mascarenhas, filho da atriz Cissa Guimarães, em junho de 2010, ao ser atropelado andando de skate em uma via pública.

Com tantos perigos, o cuidado é intenso. Ninguém corre sem equipamentos de segurança: ca­­pacete, macacão, luvas, joelheiras e o tênis reforçado com borracha de pneu usado como freio. "Esses itens custam em torno de R$ 1,5 mil", cita Wolverine. Só o luge é mais R$ 2 mil. "Com o ma­­cacão, por exemplo, você até se livra dos arranhões, mas nunca do impacto. É preciso cautela", acrescenta Tiago Nunes.

Todos defendem a importância do medo. "Não respeitei os riscos e tive o pior acidente entre os lugers daqui. Entrei mal a 80 km/h em uma curva e perdi o controle. Resultado: lasquei o cóccix, fiquei três dias no hospital e mais 40 em casa de molho", conta Ro­­dri­­gues. Por precaução, o recordista Walter Baresi enfrenta as descidas de olho nos adesivos de Nossa Senhora e de Jesus colados na ponta do luge.

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