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André Brasil focará provas curtas para manter resultados consistentes | Saulo Cruz / CPB
André Brasil focará provas curtas para manter resultados consistentes| Foto: Saulo Cruz / CPB

Os números do carioca radicado em São Paulo, André Brasil, 28 anos, em Paralimpíadas são impressionantes. Em duas edições disputadas, Pequim e Londres, o nadador da classe S10, a com menor limitação entre atletas com deficiência física, soma dez medalhas, sendo sete de ouro e três de prata. Depois de ter sentido cansaço em uma das provas em que era favorito na capital inglesa em setembro, ele decidiu focar em menos disputas, para que os resultados se mantenham consistentes.

"Eu era favorito nos 400 metros livre e tinha feito um bom trabalho, mas senti o cansaço de tantas provas, eliminatórias e finais, e não deu para buscar o ouro. Fico feliz com os resultados, mas acho que poderia ter feito um pouco mais e feito seis medalhas [em Londres]. Irei me prender mais a provas curtas. Penso especificamente nos 50 e 100 livre, 100 costas e borboleta. Os 200 metros medley, eu não descartei completamente. Os 400 metros livre só para começo de temporada. Não me focarei mais nela", afirmou André Brasil em Fortaleza, onde participou em dezembro da Etapa Nacional do Circuito Loterias Caixa.

O nadador explica que a medida é para que possa durar mais nas piscinas. "É uma questão de longevidade. Eu dependo de resultados. Para ter rentabilidade e longevidade, preciso focar em provas que deem resultados. Realmente senti a idade pesar. Eu e o Benoit Huot [nadador canadense] somos os 'tios' da nossa classe, com 28 anos. Vem aí uma molecada com 16, 18 e até 20 anos com força muito maior, vontade um pouco maior e aproveitando técnicas que fomos desenvolvendo", explicou.

Nos Jogos do Rio, em 2016, André Brasil estará com 32 anos, idade incomum para a natação, esporte em que o auge dos atletas costuma ser perto dos 25 anos. Porém uma meta especial foi traçada. "O grande sonho é ser tricampeão em algumas provas. São poucos que conseguem isso. E quero olhar para trás e ver que fiz minha parte numa transformação. Tanto faz se é com ou sem deficiência. O esporte costuma transformar a vida da gente. Ainda tem gente que esconde filho com deficiência. Acho que não tem de ter medo de dar a cara e mostrar potencial. Ter alguma deficiência não é estar morto. Podemos estudar, sermos bem sucedidos e ganhar nosso dinheiro", disse o multicampeão, que tem o bicampeonato paralímpico dos 50 metros livre, 100 metros livre e 100 metros borboleta.

O nadador já tem planos para quando parar de competir. "A gente precisa crescer uma mentalidade de que esporte não é assistencialismo. É um trabalho como qualquer outro, assalariado. Enquanto tenho resultados, tenho patrocínio e consigo viver minha vida. O dia que não tiver, infelizmente, estarei fazendo outra coisa. Atleta de alto rendimento é um estado da vida e que vai acabar um dia. Estou terminando a faculdade de fisioterapia. Não sei se trabalharei diretamente com o esporte, mas me vejo ainda aqui", revelou Brasil.

Ele acredita que o país tem potencial para ter mais nadadores de ponta, o que ajudaria a desconcentrar as medalhas de poucos atletas. "A gente hoje carece de novas descobertas. O Brasil é tão grande e tem tanta gente com algum tipo de deficiência escondida que não tem ideia do potencial. Estamos atrás de alguns países que investiram no fomento, como o Canadá e fez um buraco de quatro anos que pode ser suprido. Infelizmente, há mais concentração que em 2004 e não tem difusão, que é evolução. Quiçá um dia possa pesar em duas ou três provas apenas", lamentou.

Um desses atletas que podem brigar por resultados é o pernambucano radicado no Rio de Janeiro, Phelipe Andrews, de 22 anos. Ele foi medalhista de prata em Londres nos 100 metros livre S10, tendo André Brasil como medalhista de ouro. Ele começou a competir sob influência dos "tios" citados nesta reportagem. "Estou muito feliz de estar neste meio. O paradesporto me fez amadurecer bastante. Entrei em 2008 por indicação de ex-treinador, que viu gente com a mesma deficiência que a minha. Comecei a nadar vendo o André Brasil e um canadense, o Benoit Huot", revelou Andrews.

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