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A crise mundial pode resultar em dificuldades para a captação de investidores para construção de estádios e melhora na infra-estrutura para o Mundial de 2014. | Marcelo Elias/ Gazeta do Povo
A crise mundial pode resultar em dificuldades para a captação de investidores para construção de estádios e melhora na infra-estrutura para o Mundial de 2014.| Foto: Marcelo Elias/ Gazeta do Povo

O colapso no sistema financeiro mundial já assombra o futebol brasileiro. Apesar de especialistas pregarem cautela neste momento de indefinição, é certo que a maior crise dos últimos 70 anos no setor irá atingir clubes e também o projeto de organização da Copa de 2014.

A falência de diversas instituições financeiras na Europa e Estados Unidos teria como primeiro reflexo a diminuição do crédito. Com pouco dinheiro disponível – e sem saber até que ponto se estenderá este período de recessão –, o mundo da bola aguarda com receio uma eventual derrocada econômica.

"Administrar clubes de futebol no Brasil é uma missão inglória. Para piorar, o momento atual nos deixa ainda mais frágeis. As perspectivas não são boas. A venda de atletas será mais barata, haverá dificuldade de conseguir patrocínios... Além disso, quando precisarmos de crédito a curto ou a longo prazo, as portas estarão fechadas. Será preciso viver com recursos próprios. Fechar a torneira", prevê Francisco Araújo, dirigente responsável pelas finanças do Coritiba.

O Atlético parece menos alarmista. "Estamos esperando a sedimentação de tudo isso. Nosso horizonte não está bem claro", abre o presidente João Augusto Fleury. "Não temos nenhuma situação de dívida com moeda estrangeira. Também não fizemos empréstimos dando patrimônio como garantia. Quem fez isso, sem dúvida, está perdendo o sono. Seremos alcançados apenas pela generalidade. Ou seja: o torcedor vai preferir comprar feijão do que ingresso ou produtos licenciados."

A direção paranista, ao contrário dos co-irmãos, mostra-se despreocupada. "Analisamos tudo com os pés no chão. Como toda empresa, o momento é de não fazer dívidas. Esperamos que seja uma crise passageira", fala Waldomiro Gayer Neto, vice financeiro do Tricolor.

É, porém, no planejamento de abrigar o Mundial 2014 que a crise mais causaria transtornos. De acordo com o presidente nacional do Sindicato das Empresas de Arquitetura e da Engenharia (Sinaenco), José Roberto Bernasconi, o país deverá desembolsar entre R$ 40 bilhões e R$ 50 bilhões em infra-estrutura para viabilizar o evento.

Como o governo federal garantiu que não colocará recursos públicos em estádio, as cidades candidatas a sub-sede terão de bater na porta da iniciativa privada e de grupos internacionais para tirar os projetos do papel.

É justamente o caso do Atlético, que contratou recentemente uma consultoria especializada na tentativa de encurtar o caminho até um possível parceiro. "Mas hoje todas as portas estão fechadas", diz Bernasconi. "Quem vai querer alocar uma quantidade considerável de dinheiro neste instante na construção de um estádio que só vai dar lucro depois de pronto, em 2014? Isso se vier a dar lucro", acrescenta Amir Somoggi, consultor e professor de marketing e gestão no esporte.

Ainda como conseqüência do colapso, há uma estimativa de que o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, que representa a soma de todas as riquezas do país, diminua em 2009. Com uma arrecadação menor, a União terá menos condição para investir em obras essenciais para a realização do Mundial, como transportes e segurança, por exemplo. "É um ciclo vicioso", ressalta Somoggi.

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