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Um sono curtido até o meio-dia, almoço na casa da sogra e novamente a comodidade de seu apartamento – no 11.º andar de um edifício de luxo no bairro Juvevê, em Curitiba. Esta foi a rotina de Lima, um dia após abrir o caminho da vitória rubro-negra por 2 a 1 no clássico contra o rival Coritiba, no Couto Pereira.

A reclusão com a família, ao invés de sair às ruas para sentir a euforia do torcedor atleticano, acabou não sendo uma escolha do jogador. Com 38 graus de febre, o nariz congestionado e a garganta irritada (aliada à chuva que caiu ontem sobre a capital paranaense), o artilheiro preferiu curtir a vitória pelos jornais e programas na tevê.

A gripe só não o tirou da partida porque a vontade foi mais forte. "Já estava assim ontem (sábado), foi difícil, mas eu não ia ficar fora de jeito nenhum. No segundo tempo, não conseguia mais nem correr. Daí tive que sair", contou o jogador ontem à reportagem da Gazeta do Povo, no saguão do prédio onde mora.

Mesmo ainda com cara de sono, dava pra perceber que precisava falar sobre o jogo, desafogar um pouco daquela alegria até então só associada a vitória do Furacão. Era um pouco mais do que isso.

Logo aos três minutos de Atletiba, o atacante realizou um desejo (quase uma vingança) que tinha desde a chegada ao Atlético, no início do ano: marcar um gol contra o ex-time no estádio que o revelou para o futebol.

Lima esperou por isso dez meses, mas confessa que quando entrou em campo no sábado, não imaginava que aconteceria tão rápido. Ao receber o lançamento de Evandro, ele avançou rápido e chutou forte entre as pernas de Douglas.

Veio então a comemoração: andando de mansinho. Mais do que uma ironia ao rival, uma provocação aos torcedores que ficam nas cadeiras da Mauá. Os xingamentos a cada passe errado e a falta de paciência da época que defendia o Coxa não foram esquecidos pelo jogador.

"Eles não me deixavam jogar. Bolei essa comemoração, no entanto era só para o quando fizesse gol contra o Coritiba mesmo. Meus companheiros pediram para eu desistir, mas eu não devo nada para ninguém".

De alma lavada, o atacante lembra que naquela época algumas das críticas até não eram infundadas. "Eu errava muitos gols. Agora aprendi a fazer", explica, dando como causa para a evolução a experiência pela ida ao Cruzeiro e a rápida passagem por Portugal. "Eu amadureci."

A fase é tão boa que o jogador de 23 anos às vezes chega a duvidar. Com 21 gols na temporada, a artilharia da equipe na Libertadores e no Brasileiro, Lima considera estar em seu melhor momento na carreira. Já faz até o remoto plano para um dia vestir a amarelinha.

"Todo jogador pensa nisso. O pessoal até brincava dizendo que tinha a sub-23. Mas agora eu vou fazer 24 no dia 2 de novembro", fala, esperando que talvez isso ocorra quando retornar ao exterior. No meio do ano, a transferência bateu na trave. "Não fui porque o Antônio Lopes não deixou. Depois ele é que foi embora (para o Corinthians)", lembra, rindo da situação.

O único momento em que Lima franze a testa é ao comentar sobre o terceiro amarelo recebido no clássico, que o deixará fora da partida contra o Galo. "Foi bobeira. Fui na bola e cheguei atrasado. Mas estou tranqüilo, o professor Evaristo está vendo minhas atuações."

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