Frio
Clima também pesou na opção por Curitiba
Adriana Brum e Rodrigo Fernandes
De acordo com o técnico Dunga, um dos trunfos de Curitiba para abrigar a seleção no período pré-Copa foi o frio. Desde o Mundial da Argentina, em 1978, não ocorria uma disputa do torneio com baixas temperaturas. Na África do Sul, a CBF prevê passar por regiões com o clima similar ao da capital paranaense.
O Mundial começará no dia 11 de junho de 2010, no final do outono, e terminará em 11 de julho, no inverno.
"A questão do clima pesou, sim. Procurávamos um lugar com as condições para isso, com o clima parecido do que vamos enfrentar na África. Curitiba oferecia tudo isso, além da questão de estrutura", disse o treinador, em entrevista coletiva ontem.
O frio típico de subsedes como Bloemfontein e Johanesburgo foi marcante, por exemplo, durante a Copa das Confederações deste ano. A seleção brasileira chegou a entrar em campo com apenas 2 °C.
Curitiba costuma ter uma média não superior a 11 °C nos invernos mais rigorosos. No fim de maio, quando a seleção estará no CT do Caju, os jogadores podem encontrar os termômetros na casa dos 8 °C.
Diante do interesse da CBF de "aclimatação" no país, a Federação Gaúcha de Futebol (FGF) chegou a fazer lobby para levar a seleção para regiões serranas do estado, como Gramado, Bento Gonçalves e Canela. Mas a falta de infraestrutura das localidades, sobretudo no que diz respeito à privacidade e de treinamento, foi decisiva.
O cumprimento do técnico Antônio Lopes à delegação da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) também serviu como justificativa para a decisão da entidade, que adotou o CT do Caju como reduto da preparação da seleção brasileira para a Copa de 2010. "Bateram na casa certa", resumiu o treinador, encarregado de ciceronear o presidente da entidade, Ricardo Teixeira, o técnico da seleção Dunga, o auxiliar técnico Jorginho, o administrador Guilherme Ribeiro e o assessor de comunicação Rodrigo Paiva na visita surpresa realizada na manhã de ontem ao centro de treinamento rubro-negro.
Coordenador técnico do Brasil na conquista do pentacampeonato de 2002, Lopes recebeu antigos conhecidos e apresentou as instalações do clube que "encantaram" a comitiva, garantiu o Delegado. "Não vou citar quem, mas um deles nos disse que o CT do Cruzeiro (a Toca da Raposa) é muito bom, mas não tão bom quanto o do Atlético", comentou o treinador, que defende a descentralização da preparação da equipe nacional. "Não tem de ser no Rio de Janeiro, ou São Paulo, ou Belo Horizonte. O trabalho deve ser feito onde é melhor e não há outra estrutura igual à nossa", acrescentou.
Em uma área de 220 mil m², o CT do Caju possui oito campos de treinamentos e dois hotéis classificação três estrelas com capacidade para hospedar 284 pessoas. O que pesou na escolha ainda foi a estrutura de apoio aos craques da seleção. O Cecap (Centro de recuperação de atletas do Atlético) inclui a parte de fisioterapia, musculação, laboratórios de fisiologia e bioquímica. O espaço ainda conta com uma cozinha industrial que só em outubro preparou 4.939 refeições.
O clima da cidade em maio, tempo escolhido para a estada de cinco a sete dias em Curitiba, também favoreceu por se assemelhar às condições a serem encontradas na África do Sul durante o torneio mundial (leia mais ao lado). A data exata da vinda da equipe não foi anunciada.
"Antes da Copa da Coreia e Japão até tivemos mais tempo. Mas o período de preparação antes da Copa do Mundo é em geral muito curto e tem de ser aproveitado com a melhor qualidade possível", acrescentou Lopes.
A negociação não envolveu valores. O retorno para o Atlético, na avaliação do diretor de futebol Ocimar Bolicenho, será em prestígio por receber a seleção brasileira quando ela concentrará o foco mundial às vésperas da Copa de 2010.
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