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Florianópolis – A elite do surfe brasileiro só começa a competir hoje no Costão Pró- Floripa. Mas enquanto Peterson Rosa, Vítor Ribas, Neco Padaratz e Jihad Kohdr, entre outros, não entraram na água, o esporte brazuca pôde conhecer um pouco mais sobre o seu futuro.

Nos três primeiros dias de competições, a praia de Santinho, no norte da ilha de Santa Catarina, acabou sendo um palco perfeito para uma nova geração de atletas nacionais. Garotos e garotas de 14 e 15 anos que, na areia, não se diferenciam de crianças. Mas quando entram na água...

Jádson André, 15, natural de Natal, e campeão brasileiro sub 14, acabou sendo o protagonista da bateria mais emocionante de ontem. Encaixou uma onda com 30 segundos para acabar a sua prova, virou a bateria e chegou à inédita terceira fase do WQS.

Ao sair da água, bateu na prancha como gente grande, vibrou enquanto os adversários saíam da água cabisbaixos, mas na hora de conversar não conseguiu esconder que ainda é um pré-adolescente igual a qualquer outro.

"Eu via esses caras em filmes, amanhã vou competir com eles", vibrou, enquanto segurava seu óculos da Oakley (o patrocinador), e reclamava que havia estragado o tocador de MP3 embutido na aste. "Isso deve custar uns R$ 2 mil, mas eu ganhei. Não tenho dinheiro para comprar esse negócio".

No início, Jádson tinha de sair escondido do pai, um recepcionista que queria ver o filho só estudando, para pegar ondas. Agora já se tornou a esperança da família – o desempenho de ontem já garantiu US$ 800 de lucro.

A história dele é basicamente a mesma da nova geração de surfistas, na qual também estão o catarinense Alejo Muniz (15), a paranaense Bruna Schimitz (15) e a pernambuca Monik Santos (14).

Cada um com suas peculiaridades, tiveram um desempenho de arrancar aplausos da torcida na areia. Mas no caso dos dois primeiros, a sorte não ajudou.

Enquanto Alejo, campeão mundial sub-15, acabou perdendo a melhor onda do dia – que seu adversário pegou e marcou um 9,10 – Bruna teve em suas duas baterias a favorita australiana Stephanie Gilmore e acabou desclassificada.

"Estava sem pressão. Não imaginava passar nem na primeira fase. Tô aprendendo", diz o menino de Bombinhas, que começou com o apoio do pai, também surfista.

Embora ele e Jádson se conheçam e conversem sempre, a competitividade é bem maior do que entre a dupla feminina. Com Bruna e Monik a relação é quase de irmãs. Elas sempre ficam na mesma casa nos campeonatos e torcem uma pela outra. Além da amizade, a incerteza financeira faz o laço aumentar.

Recentemente a paranaense ganhou a primeira etapa do Circuito Profissional Brasileiro, em Torres, e ficou com um prêmio de R$ 3 mil. Comprou uma câmera digital e guardou o resto para as viagens. Agora, conseguiu mais US$ 300 que também vai para a caixinha.

O jornalista viaja a convite da Associação dos Surfistas Profissionais.

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