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Regulamento

Torneio tem finais em jogo único

Menor no tamanho, a Copa do Brasil feminina mantém o formato da versão masculina, mas com uma diferença: as duas últimas fases são disputadas em jogo único e campo neutro. Ao todo, são 32 times inscritos (metade do torneio dos homens). Nas três primeiras fases o formato é de mata-mata, com um jogo na casa de cada clube. Se o visitante ganhar por três ou mais gols de diferença, dispensa a necessidade do jogo de volta. Nas semifinais e final, haverá apenas uma partida eliminatória. O decisivo e a disputa pelo terceiro lugar ocorrerão no dia 4 de dezembro. A CBF ainda não decidiu o local destas duas fases.

Após nove meses de espera, 2009 finalmente vai começar para o futebol feminino do Novo Mundo. A equipe estreia na terceira edição da Copa do Brasil hoje, às 15 horas, contra o Pelotas, no Estádio Orlando Rinaldin, em Curitiba. Mas é em Santos, mais precisamente na camisa 10 do time do litoral paulista, que está a cabeça das jogadoras.

Caso supere as campeãs gaúchas e o vencedor do duelo Atlético-MG x Volta Redonda, o clube paranaense deverá enfrentar Marta, três vezes eleita melhor do mundo e grande estrela do Peixe, favorito ao título da competição nacional.

"Seria memorável lotar os 2.600 lugares do estádio num jogo como este. Não custa sonhar", diz o presidente do Novo Mundo, Moacir Ribas Czeck, o Mazza.

O caminho para realizar o sonho, porém, é longo e difícil. A começar pelo tempo de inatividade da equipe. A última partida oficial foi em 15 de novembro do ano passado, contra o Kinder­­mann (SC), pela Copa do Brasil. O empate por 3 a 3 eliminou o Novo Mundo e deu início às férias forçadas. Uma paralisação que deveria ser de poucos meses, mas acabou quase chegando a um ano.

Previsto para o primeiro semestre, o campeonato estadual adulto foi cancelado pela Fede­­ração Paranaense. Motivo: pouco interesse. O reflexo da falta de ritmo deve ser sentido em campo, com equipes de estados com um calendário contínuo levando vantagem.

"Há um tempo, o Brasil estava atrasado, se a gente comparasse com futebol feminino da Europa e Estados Unidos. Agora, a gente começa a ver que tem um abismo entre a organização dos paulistas, mineiros, cariocas e gaúchos em relação aos demais estados", conta a volante Vantressa, 23 anos, oito deles defendendo o Novo Mundo.

Sem condições financeiras de manter um elenco sem calendário, a diretoria voltou a reunir as jogadoras há apenas um mês. Na agenda, trabalhos físicos e algumas partidas de futsal ou society para manter o ritmo. Adversário de hoje, o Pelotas, por exemplo, disputou o Campeonato Gaúcho entre junho e agosto.

"É muito difícil a nossa situação. Apesar dos esforços, estamos muito atrás do futebol paulista. É pouco tempo, ainda mais porque teremos pela frente um adversário qualificado", lamenta a zagueira Marina, de 27 anos, que atuou por quatro anos no futebol sueco.

Mesmo assim, o grupo se diz confiante em um resultado ex­­pressivo na estreia. As meninas sabem que uma derrota por três ou mais gols elimina a necessidade do jogo de volta no Rio Grande do Sul, marcado para 1.º de outubro.

Outra dificuldade é conseguir dinheiro para manter o time. Sem recursos próprios, o clube recorreu a parcerias. Mesmo com a presença de jogadoras renomadas, como Daiane Moretti, reserva imediata de Marta na seleção brasileira, foi necessário firmar um acordo com a faculdade Dom Bosco para ter condições de compor uma comissão técnica.

"Foi a maneira que encontramos para colocar o time em campo na Copa do Brasil. Não temos recursos, nem salários. As nossas jogadoras estão aqui porque gostam do clube. Algumas delas coordenam o nosso projeto de categorias de base", explica Mazza.

A zagueira Marina e a volante Vantressa fazem parte deste grupo. As duas trabalham com cerca de 60 meninas, que podem garantir a continuidade do time nos próximos anos. "É muito pouco ainda, mas pelo menos algumas jogadoras da equipe sub-17 já vão compor o nosso elenco principal. É o resultado do nosso trabalho", avalia Vantressa, formada em Educação Física e professora em escola particular.

"Conversei com a Marta esses dias e pude perceber que o futebol feminino em São Paulo está bem próximo do profissionalismo. Isso nos motiva a seguir na carreira", finalizou Marina, sonhando em, no início de novembro, voltar a conversar com a camisa 10. Mas vestindo calção, camisa e chuteiras, no gramado do Orlando Rinaldin.

Serviço

Novo Mundo x Pelotas, às 15 horas, no Estádio Orlando Rinaldin (Rua Dalila Rolin Vargas nº 01, Novo Mundo – Curitiba). Ingressos: R$ 4 (inteira) e R$ 2 (meia-entrada).

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