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Abandono de técnico, time sem comando por muito tempo, eliminações inesperadas contra clubes menores, isolamento da mídia, pressão da torcida... Não é à toa que os problemas emocionais do Atlético ficaram evidentes aos 15 minutos de jogo na derrota de domingo para o Fluminense. O Rubro-Negro, que começou bem a partida, desmoronou ao ver o adversário abrir o placar na Arena.

Após o jogo, o técnico Givanildo Oliveira, que ao chegar deixou em segundo plano a psicologia, admitiu que é preciso trabalhar a cabeça dos jogadores. Algo que ele mesmo terá de fazer, pois o clube está sem um profissional da área para atender o time profissional. O acompanhamento especializado aos atletas foi deixado de lado no início desta temporada.

"Não vou expor as razões publicamente, mas posso dizer que neste ano não fiz nenhum trabalho de grupo com a equipe", contou o psicólogo Gilberto Gaertner. Ainda vinculado ao Atlético, ele preferiu não comentar a situação atual.

Não é necessário ser perito no assunto para perceber a falta de confiança do grupo na Arena, outrora o principal trunfo rubro-negro. Já são cinco jogos sem vitória no Caldeirão, incluindo as vexatórias desclassificações no Paranaense, contra a Adap, e na Copa do Brasil, diante do Volta Redonda.

Ao receber o Fluminense, na estréia do Brasileiro, a expectativa era de vencer para afastar os fantasmas.

"Mas o time tomou um gol aos 15 minutos e outro aos 2 minutos do segundo tempo. Psicologicamente é um caos, vem a típica situação de descontrole", sustenta a psicóloga Suzy Fleury, que trabalhou no Atlético durante a campanha do título brasileiro de 2001.

Ao mesmo tempo os torcedores se desesperam. De acordo com Suzy, sentem bem mais do que os atletas a carga dos fracassos recentes.

"O jogador praticamente zera isso, mas a torcida não. Até vai ao campo com uma expectativa positiva, porém se as coisas não saem como o esperado, vem a frustração e um componente de agressividade verbal. É uma pressão a mais que o time passa a sofrer."

A instabilidade no comando técnico também é apontada como um motivo fundamental para a má fase. Pessoas de dentro do clube dizem que um dos principais erros em 2006 foi deixar por muito tempo a responsabilidade nas mãos do auxiliar-técnico Vinícius Eutrópio, despreparado para ocupar a função. Soma-se a isso o abandono do alemão Lothar Matthäus e a demora para substituí-lo por outro técnico efetivo.

"É preciso definir quem comanda, e evitar mudanças, para não gerar instabilidade e insegurança", argumenta Suzy.

Além da falta de um chefe por muito tempo, a ausência de lideranças no elenco, como o goleiro Diego e o lateral-esquerdo Marcão no ano passado, é outro problema apontado por quem participou do processo de formação da equipe.

Mesmo com tantos problemas, os últimos 15 minutos do duelo com o Flu mostraram que a confiança pode voltar de uma hora para outra. Bastou o gol de Pedro Oldoni para a torcida apoiar e o time, mesmo desfigurado e com um a menos, pressionar em busca do empate.

A solução pode ser tão simples que une jogadores e psicólogos na mesma opinião. "Só há um meio de reverter este quadro: ganhar", diz Suzy, repetindo o discurso dos jogadores. Mas com uma ressalva. "Só vai acontecer se estiverem coletivamente comprometidos. Não adianta ficar apontando erros. É hora de ver que força pode ser utilizada para vencer o próximo jogo e, pelo menos a curto prazo, conseguir reverter a situação", alertou.

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