• Carregando...

São Paulo (AE) – Mais do que vencer o campeão do Masters Cup de Xangai, o argentino David Nalbandian, e fazer história ao transformar-se no primeiro tenista do Chipre a chegar à final de um Grand Slam, Marcos Baghdatis joga pelo orgulho de um povo. A enorme colônia grega em Melbourne, com mais de 800 mil imigrantes, adotou o cipriota como um dos seus, levando suas partidas a terem um clima de futebol. A Rod Laver Arena parecia viver o dia nacional da Grécia, com a torcida em azul e branco, gritando pelo "seu tenista".

A trajetória de Baghdatis no Aberto da Austrália deste ano lembra a de Gustavo Kuerten em 1997, em Roland Garros. Com 20 anos, entrou no torneio como número 54 do mundo (Guga era 66), e passou por grandes nomes, como Andy Roddick e Ivan Ljubicic. Nas semifinais precisou de cinco sets para superar Nalbandian, vencendo uma batalha que parecia perdida. Estava em desvantagem de 2 a 0, e virou o jogo para 3/6, 5/7, 6/3, 6/4 e 6/4.

"É inacreditavel o que está acontecendo. Um sonho. Ainda preciso acordar", disse Baghdatis.

O clima festivo de seu jogo cruzou oceanos e estendeu-se até a Europa. Em Nicosia, capital do Chipre, e Limassol, próxima a Paramytha, onde nasceu Baghdatis, a comemoração foi digna de Copa do Mundo. Carros buzinando nas ruas, multidões gritando o nome do tenista e até dobraram os sinos das igrejas. O prefeito da capital, Michael Zambelas, instalou um telão e decretou feriado.

O pai do tenista, Christos, deu entrevista em rede nacional de rádio e repetia "Obrigado Marcos, obrigado Marcos. Você merece após tantos anos de vida dura e muita luta."

O Chipre é a terceira maior ilha do Mar Mediterrâneo, com pouco mais de 9,2 mil quilômetros quadrados. Sua população não chega a um milhão e não existem sequer 5 mil tenistas inscritos na federação. É uma república presidencialista, com congresso de 80 membros, sendo 56 gregos cipriotas e 24 turcos cipriotas. Os idiomas oficiais são grego e turco.

O próprio Baghdatis gostou dessa identificação com a colônia grega em Melbourne. "É emocionante ouvir a torcida gritando o seu nome o tempo todo. Dá uma motivação muito forte", afirmou o tenista, que chegou a pagar do próprio bolso ingressos para familiares, quase 40, que vivem em Melbourne.

Ex-campeão mundial júnior e campeão da chave juvenil do Aberto da Austrália de 2003, Baghdatis vive e treina na França e vai decidir o título domingo, diante do vencedor da outra semifinal, entre Roger Federer e Nicolas Kiefer, que se enfrentam a partir das 6h30 de Brasília de hoje.

No feminino, a francesa Amelie Mauresmo contou com a desistência da belga Kim Cljisters para avançar à final. Na decisão, ela terá pela frente outra tenista da Bélgica, Justine Henin-Hardenne, que fez 2 a 1 (3/6, 6/1 e 6/4) na russa Maria Sharapova. A final entre as mulheres será amanhã.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]