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Washington até tentou salvar o Verdy Tokyo. Mas seus 22 gols, a segunda maior artilharia da J-League (atrás apenas de Araújo, com 30 gols, recém-contratado pelo Cruzeiro), não foram suficientes. E assim, um ano após comemorar o vice-campeonato brasileiro pelo Atlético e se isolar como artilheiro no país, o centroavante amargou a degola no outro lado do planeta.

Menos mal, viu sua marca de 34 gols marcados numa única edição do Campeonato Brasileiro se distanciar anos-luz dos concorrentes. A artilharia deste ano ficou com o incansável Romário, 39, e seus até modestos 22 gols se comparados à façanha do Coração Valente um ano antes.

De volta ao Brasil para passar as férias em Caxias do Sul, o jogador fez uma parada em Curitiba para um check-up médico no Hospital Cardiológico Costantini. Após novos resultados positivos sobre a sua saúde cardíaca, Washington falou do tropeço nipônico, dos planos para o futuro, do ostracismo no Japão e da vontade de voltar ao Brasil para poder estar na Alemanha em junho de 2006. O atacante confessou o desejo de integrar a seleção no Mundial e traçou um perfil do Japão, terceiro adversário do Brasil na Copa do Mundo de 2006 e que ele gostaria muito de enfrentar.

Gazeta do Povo – Quando terminou o Brasileiro 2004, Parreira chegou a te elogiar. Você ainda confia em uma convocação?Washington – Eu ainda tenho muita vontade de jogar na seleção. Mas claro que lá no Japão você fica muito longe da mídia. Mesmo tendo marcado 22 gols, 29 no total da temporada, ninguém vê. O Parreira não vê. Muitas pessoas falaram que facilitei a vida dele para montar a equipe. Mas eu tenho esperança. Eu saí daqui perto da seleção e me afastei. Agora, acho que com a contusão do Ricardo Oliveira é possível que ainda tenha uma oportunidade.

A sua ida para o futebol japonês teve como justificativa a questão financeira. Foi tão vantajosa assim?Diante da minha idade e da minha carreira eu ponderei e decidi pensar no futuro da minha família. Foi interessante pra mim.

Você está inclinado a aceitar propostas do futebol brasileiro?Minha vontade é fazer um bom contrato. Seja aqui ou lá. Tenho propostas interessantes de dois clubes no Japão. O Urawa Red e o Gamba Osaka, que foi campeão, e também de alguns clubes brasileiros.

O Palmeiras seria um deles? Realmente há o interesse do Palmeiras e de outras equipes também. Meu empresário, o Gilmar Rinaldi, está vendo isso e devemos ter uma resposta nesta semana ou no máximo na semana que vem.

O fato do clube paulista disputar a Libertadores em 2006 pesa na sua decisão?Realmente, a Libertadores é uma competição que tenho muita vontade de jogar. Mas tem ainda o Inter, o Corinthians, o Goiás classificados. O Rogério Corrêa tá lá no Goiás e quer falar comigo. Quem sabe? (Disse rindo e montrando o cartão que acabara de receber com o telefone do ex-companheiro de Atlético).

Se você falasse em números, quais as chances de voltar ao Brasil?Acho que de 60%.

Sua marca ficou muito longe de ser batida na artilharia esse ano. A que você atribui isso?O futebol é muito competitivo. Eu tento não pensar muito sobre isso. Sobre o fato de poder estar fazendo sucesso aqui. Não me arrependo da minha decisão.

E como você lidou com esse céu e inferno: um ano de glórias pelo Atlético e o rebaixamento no Japão?Foi muito complicado. Eu saí daqui após uma temporada maravilhosa, cheia de vitórias e lá foram muitas, muitas derrotas. Nunca tinha passado por uma situação como essa. Precisei de um trabalho psicológico forte para conseguir lidar com tudo. Contei muito com o apoio do (técnico) Vadão, que chegou durante a competição e com o Gil (ex-Corinthians).

Num país onde os fracassos são mal-digeridos, como os torcedores encararam o rebaixamento do Verdy Tokyo?Melhor do que nós. Eles são mais frios. Nós nos abatemos muito mais.

E como foi a repercussão pelo Japão ter ficado no Grupo do Brasil na Copa de 2006?Foi imensa. Eles ficaram muito felizes porque adoram o Brasil e o futebol brasileiro. Tanto que é muito difícil ver uma equipe lá onde não joguem brasileiros. Já estão falando que será o jogo da história do futebol japonês. A expectativa é muito grande.

Quais as principais características da seleção comandada pelo Zico?A marcação é muito forte e eles são extremamente disciplinados tecnicamente. Muito obcecados nessa parte. O ataque não é tão forte e claro que o Brasil é favorito, todos sabem disso. Mas o Zico conhece muito bem a seleção e inclusive tenta implementar algumas coisas do futebol brasileiro no Japão. Não será um jogo fácil.

O Parreira tem de tomar cuidado com algo em especial?Com a zebra, em geral. Não apenas com os japoneses.

Você ainda mantém o sonho de voltar a jogar no Atlético?Eu vou voltar. Acompanhei o clube o ano todo lá no Japão pela internet e via os jogos na tevê. Até dei um "miguezinho" num treino regenerativo para ver a final da Libertadores. Aqui eu vivi o melhor momento da minha carreira. Quero estar aqui quando a Arena estiver pronta, fechada, para jogar com aquele estádio lotado.

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