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Quem espiava o professor Rudimar Fedrigo dando aulas de muay thai na base do improviso, a céu aberto, no começo da década de 80, certamente não imaginaria que ali estava o futuro dono de um império das artes marciais. Foram tempos de incerteza sob sol, chuva e sereno na Praça Oswaldo Cruz, em Curitiba, que agora são parte da história da Chute Boxe, academia comandada por Rudimar considerada uma das melhores do mundo na atualidade.

Uma verdadeira máquina de dinheiro e porrada nascida da obstinação desse gaúcho de Sarandi, interior do Rio Grande do Sul, que entrou para o mundo das lutas por conta de uma fratura exposta do fêmur, aos 16 anos, decorrente de um atropelamento. Sob as orientações do Mestre Nélio "Naja" Souza — carioca responsável por introduzir o muay thai (também conhecido como boxe tailandês) no Brasil, hoje pastor no nordeste — o garoto foi muito além da recuperação física.

A década de 80 mal havia começado e o aprendiz Rudimar, iniciado na arte marcial em 1979, já assumia a condição de mestre na modalidade. Apaixonado pelo esporte e satisfeito com o início de carreira como professor, era chegado o momento de caminhar com as próprias pernas. Em 1984, foi fundada a academia Chute Boxe, com a primeira sede localizada no Alto da XV.

"A academia sempre foi bem-sucedida, desde o começo. Naturalmente, em escala menor do que é hoje", relembra Rudimar, 43 anos.

Não demorou muito e uma filial foi aberta no centro. No entanto, o sucesso como empreendimento se limitava às fronteiras de Curitiba. Apenas em cima do ringue, através do bom trabalho de alguns atletas, a Chute Boxe alcançava projeção nacional, com títulos conquistados em diversas categorias.

Até que o mundo das artes marciais começou a mudar, e a academia curitibana foi no embalo."Nós éramos muito fortes no muay thai, mas nas competições não davam dinheiro. Até que surgiu a MMA (Mixed Martial Arts, ou ‘artes marciais misturadas’)", aponta Rudimar.

A partir de 1996, com a modalidade do vale-tudo (MMA) dominando o cenário das lutas, atraindo grandes públicos e ganhando atenção comercial e da mídia, a Chute Boxe entrou definitivamente na briga."Saímos de um esporte que dominávamos para uma coisa nova. Então procuramos os melhores professores de jiu-jitsu, wrestling (luta livre), judô e conseguimos fazer essa transição", relata o mestre Rafael Cordeiro, 33 anos, curitibano e, segundo Rudimar, figura fundamental no crescimento da Chute Boxe.

Uma técnica toda própria foi sendo moldada e aos poucos foi caindo no gosto tanto de lutadores profissionais (estrangeiros, inclusive) como de amadores. E foi nos socos e chutes de Wanderlei Silva, nos últimos anos, que a técnica chegou quase à perfeição, conquistando títulos mundo afora (especialmente na disputa do Pride, no Japão) e fazendo de Curitiba um pólo mundial do vale-tudo.

"O Wanderlei foi um cara que esteve sempre conosco e que acabou se tornando o atleta de maior envergadura, que projetou a Chute Boxe a nível mundial", afirma Rudimar.

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