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Se fosse possível alguém que freqüenta a AABB não conhecer Alex, qualquer dúvida acabaria ao primeiro olhar no Bar do Quinho, sábado de manhã. Espécie de ante-sala do ginásio do clube, a lanchonete é parada obrigatória no aquecimento antes e no "papo de botequim" após qualquer peleja na quadra localizada na Avenida Victor Ferreira do Amaral, em Curitiba. E na antevéspera do Natal, ganhou um novo adjetivo: escritório temporário do camisa 10 do Coritiba, Palmeiras, Cruzeiro, Flamengo e seleção brasileira, número 20 do Fenerbahçe, da Turquia, principal atração do 8.º Encontro de Craques, reunião natalina organizada anualmente pela associação.

De bermudão jeans, camiseta, chinelo e com um cabelo consideravelmente maior do que o "estilo Ronaldinho" que o notabilizou em gramados brasileiros, Alex era o dono da festa. Amigos do tempo de salonismo querendo matar a saudade, fãs antigos buscando um autógrafo, garotos induzidos pelos pais a tirar foto com "o craque que joga muita bola", repórteres atrás de uma boa pauta de fim de ano, todos disputavam, pacificamente, alguns momentos de atenção do jogador. E pacientemente Alex atendia a todos.

"Vir aqui para jogar é o de menos. O mais legal é o bate-papo com os garotos que estão começando, encontrar os amigos das antigas", explica, com o sorriso tímido e a calma inabalável que tantas vezes foram confundidos com apatia dentro de campo.

E é com essa calma que Alex, 29 anos, responde a todas as perguntas, fala de todos os temas. Sobre o Feberbahçe, não esconde a alegria de ser comandado por Zico. "É o meu ídolo de infância, o maior jogador da geração dele." A respeito do Coritiba, a clara preocupação de quem sofre por não poder ajudar o clube a sair da Segunda Divisão. "O clube está perto de completar 100 anos, e a gente não vê um planejamento eficiente para tirá-lo dessa situação." Até sobre a seleção, fadada a ser um capítulo inacabado na carreira do camisa 10, ele fala sem problemas. "Desde a Copa da Ásia – quando eu tinha certeza de que seria chamado, mas não fui – procuro jogar o melhor pelo meu clube. Se acharem que é o suficiente para jogar na seleção, ótimo. Se não acharem, sem problema."

Mas é na quadra que Alex se sente mais à vontade. Entrar no ginásio o convida para uma viagem ao passado, de volta à época em que ele ainda nem sonhava ser jogador de futebol. Um tempo em que ele era o fã, não o astro. "Esse era o meu ídolo", revelou, sorridente, em uma roda de amigos, abraçado ao ex-atacante Jétson, quatro anos mais velho que ele, companheiro de Coritiba nos anos 90.

"O Alex e eu temos muito carinho um pelo outro. Lembro do tempo em que, assim como esses garotos (aponta para um grupo de meninos com menos de dez anos batendo bola na quadra), ele ficava brincando, enquanto todos os pais se espantavam ao vê-lo pegar a bola na defesa, driblar todo mundo e fazer o gol do outro lado", conta Jétson.

A festa só não foi completa porque Alex não jogou. Com dores musculares, preferiu se poupar. "É que na Turquia a temporada não acabou, eles estão apenas em recesso", explica Caçapa, ex-técnico de Alex no infantil da AABB, atual diretor de futsal do clube.

Do banco, viu jogadores com passagem por grandes clubes brasileiros, mas que também começaram nas quadras da AABB, como Lúcio Flávio, Castorzinho, Jétson, Renan, Marlos, entre outros, fazerem uma animada pelada de 15 gols. Alex foi embora antes do apito final. Com ele, boa parte do público presente. Todos com a certeza de que daqui a um ano, pertinho do Natal, todos estarão novamente reunidos. Matando a saudade no Bar do Quinho. E lembrando o tempo em que eram apenas garotos brincando de correr atrás de uma bola de futebol.

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