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Encravado no Parque Olímpico há um shopping imenso chamado Westfield, que, dizem, é o maior da Europa. Não sei se é verdade, mas isso também pouco importa, pois a qualquer momento surge um megainvestidor para bater o recorde.

Na verdade, este centro comercial é passagem obrigatória de todos – jornalistas e público – para se chegar ao coração dos Jogos, onde está o Estádio Olímpico, Arena de Basquete, Velódromo, Centro de Imprensa, enfim. Hoje (ontem) quando voltava das competições, compulsoriamente desbravando galerias e praças de alimentação, parei para comer qualquer coisa e percebi aquela turbamulta eufórica, comprando de tudo, como estivesse disputando provas olímpicas. Crianças, muitas crianças, atletas, jovens "lambendo vitrines" e mulheres – ah, elas sim, como compram!

A Olimpíada aqui é mero pano de fundo para o consumista obsessivo. Enquanto a televisão transmitia uma variedade de eventos em telões espalhados por todos os lados, dá-lhe compras. Não me parecia que o tempo estava sendo usado da melhor maneira por aquela gente toda. Mas não tenho direito de julgá-los.

Por quatro segundos o Brasil perdeu para a Rússia ontem no basquete masculino. Por um segundo aquela esgrimista sul-coreana foi eliminada no florete. O tempo é curto e muitos se atêm ao lucro ou ao gasto de forma avassaladora. Aqui em Londres, a Rio Negócios/2016 estruturou um plano para investimentos, e pretende contatar com mais de 500 empresas britânicas e multinacionais, aproveitando a festa. A operação é tida como a maior ação para atrair investimentos de uma cidade num evento olímpico.

Ao meu lado, durante o lanche, um austríaco me diz que irá ao Rio na Olimpíada de 2016. Não sei se para me agradar, diz ele que deverão ser os Jogos mais espetaculares de todos os tempos. Pergunto o porquê e ele me responde: "Por causa do mar de Copacabana. Aqui o Tâmisa é triste..." É meu amigo – penso – mas precisamos da seriedade que vejo aqui e que os ingleses observaram em Pequim.

O tempo é precioso demais e deve ser aproveitado. Como os russos e a esgrimista vencedora aproveitaram. Neymar é ótimo, mas perde muito tempo simulando. Pelé não perdia tempo, era o primeiro a entrar no treino e o último a sair. Por isso foi e é Pelé. Cesar Cielo é determinado e sabe o valor que representa um décimo de segundo.

Os 150 observadores técnicos da Rio-2016 têm bons e maus exemplos para tirar com os próprios atletas que aqui estão. Terminado estes Jogos, o Brasil estará na vitrine do mundo durante seis anos seguidos. Não pode perder quatro ou até mesmo um segundo na organização dos Jogos. Uma bola ou uma espada pode quebrar a vitrine. E o tempo é inexorável.

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