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Quando o presidente Giovani Gionédis usou o termo "pangarés", em tom de brincadeira, para se referir aos atacantes contratados para a temporada, não podia imaginar que estava sendo profético. Durante o páreo do Campeonato Brasileiro de 2005, o elenco coxa-branca mostrou que de puro-sangue não tinha nada. Mas não se pode jogar toda a culpa nos pangarés. Muitas outras razões contribuíram para levar o Coritiba à derrocada que culminou no rebaixamento à Segunda Divisão.

Contratações

Pode ter sido incompetência ou azar, mas o fato é que os reforços não vingaram. Entre mais de 20 jogadores que desembarcaram no clube durante o ano, apenas o meia-atacante Caio deu a resposta esperada. Apostas certas como Marquinhos – que sofreu com uma série de lesões graves – e Renaldo não vingaram.

Desconhecidos, o lateral-direito Elvis e o zagueiro Pereira, que vieram da Adap (parceira do clube) no início do Campeonato Brasileiro, não chegaram nem a ficar no banco de reservas antes de voltar para o interior. "Tivemos o azar de ver jogadores bem recomendados não se adaptarem ao Coritiba", lamenta o presidente Giovani Gionédis.

Negociações

O goleiro Fernando, o zagueiro Miranda, o lateral-direito Rafinha e o atacante Alexandre foram negociados com o Brasileiro em andamento – os três primeiros vendidos pelo clube, o outro por seu empresário. Somando às saídas do lateral-esquerdo Adriano e do volante Roberto Brum, em janeiro, foram movimentados quase R$ 30 milhões ao longo de 2005. O dinheiro organizou a vida financeira do Coritiba, porém o declínio técnico foi inevitável. "É complicado você perder tantos jogadores de qualidade. Nem mesmo os melhores elencos do país suportam isso sem turbulências", dizia o então técnico coxa-branca Cuca.

Contusões

Além dos atletas negociados, Cuca apontava as lesões de jogadores-chave como um dos motivos da queda de produção. Marquinhos foi contratado para resolver o problema na armação, mas uma pubalgia e duas cirurgias de joelho o tiraram de combate na maior parte da temporada. Termômetro do time, o meia Capixaba foi afetado por uma tendinite no tornozelo, que o afastou de algumas partidas e o obrigou jogar no sacrifício em outras.

Cuca

Depois de um começo empolgante, o técnico foi aos poucos perdendo a capacidade de motivar o elenco. Chegou até a fazer alguns desafetos, como ficou claro após os desabafos do meia-atacante Alcimar e do lateral-esquerdo Rubens Júnior, há duas semanas. "Mais tarde percebi que deveria tê-lo mandado embora depois da derrota para os reservas do Atlético no primeiro turno", contou Gionédis.

Lopes Júnior

O curto período do filho de Antônio Lopes como técnico interino merece um capítulo à parte na lista dos motivos que levaram o Coxa à Série B. Nos três jogos em que comandou o time, o Delegadinho se mostrou despreparado para ocupar o cargo. Rebaixado para a antiga função de auxiliar após a vexatória derrota de 3 a 0 em casa para o Cruzeiro, durou mais duas rodadas até ser demitido junto com o coordenador de futebol Sérgio Ramirez.

Acomodação

Longe da zona de rebaixamento durante a maior parte do campeonato, custou para o time perceber que a queda para a Série B era uma ameaça real. Cuca saiu quando falava em classificação à Sul-Americana, Lopes Júnior retomou o discurso e até Márcio Araújo, contratado quando o desespero já tomava conta, não mudou o tom antes das cinco últimas rodadas.

Arbitragem

No primeiro turno, o Coxa foi seriamente prejudicado em três jogos: Vasco (2 a 2), Goiás (1 a 2) e Cruzeiro (2 a 2). Porém a partida mais marcante foi já na luta contra o rebaixamento. Na derrota por 2 a 1 para o concorrente direto Flamengo, no Rio de Janeiro, os dois gols da virada carioca saíram graças a lances irregulares ignorados pelo árbitro pernambucano Wilson de Souza Mendonça, da Fifa. Na conta final, os pontos dessa partida serviriam para livrar o clube da degola.

Reação incompleta

A contratação de Márcio Araújo, ainda com o time fora da zona de rebaixamento, mobilizou novamente o elenco. O treinador conseguiu frear a queda livre e fez o Coxa voltar a pontuar após oito derrotas consecutivas, mas não na quantidade suficiente para escapar da Série B.

Administração

De todos os motivos citados, apenas as contusões e a influência da arbitragem estiveram fora do raio de ação da diretoria coxa-branca.

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