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A Copa cujo lema é fazer amigos estará cercada de inimigos e ódio. A ameaça tem várias origens, muitos alvos e os organizadores tentam minimizar possíveis, e até mesmo anunciadas, manifestações de violência, intolerância, terror e preconceito na Alemanha durante o Mundial.

O ministro alemão do Interior, Wolfgang Schauble, calcula que cerca de 10 mil alemães potencialmente violentos e outros tantos torcedores estrangeiros com o mesmo perfil tentarão perturbar o torneio.

Há dez dias, movimentos neonazistas reunidos na Áustria prometeram confrontos com torcedores das seleções muçulmanas durante o torneio. Friamente, um dos participantes do encontro afirmou ao jornal italiano La Republica que "haverá um massacre."

As vítimas em potencial dos novos seguidores de Adolph Hitler (que extrapolaram as fronteiras alemãs e arrebataram muitos adeptos especialmente na Áustria, Inglaterra, Holanda e Espanha) serão os torcedores da Arábia Saudita, Irã e Túnisia. Os três países classificados têm o islamismo como religião principal.

Mas a opção religiosa é apenas uma das facetas da intolerância. Origem, etnia, questões políticas e até econômicas reforçam o ódio de determinados grupos e aumentam a preocupação com a segurança - já inevitável em qualquer evento de grande porte desde os ataques em 11 de setembro de 2001, nos Estados Unidos.

"São questões sintomáticas do nosso tempo. É algo presente no mundo inteiro e muito intensamente na Europa. O continente sofre com o problema dos imigrantes. Temem perder postos de trabalho para os estrangeiros. E a empregabilidade é muito mais cobrada lá do que aqui", analisa a doutora em Psicologia Social pela Universidade de São Paulo (USP), Mariane Lemos Lourenço.

Ela acrescenta os turcos entre prováveis alvos de grupos extremistas. A Turquia não se classificou para o Mundial, mas existem 2 milhões de turcos residindo em solo alemão. "Há um preconceito muito grande lá. São tratados por muitos como se não existissem. É a invisibilidade social, que só aumenta a desigualdade", comenta ela, com base no livro Cabeça de Turco, do jornalista alemão Günter Wallraff.

A escritora, doutora e professora da Universidade Federal do Paraná Marion Brepohl pondera que o preconceito tem enfraquecido na Alemanha diante de um intenso trabalho educacional desde o fim da Segunda Guerra. "Não que não exista xenofobia, mas em alguns países como a Áustria, França e Espanha se vêem manifestações nazistas maiores do que na Alemanha, onde são veementemente condenadas", comentou a especialista na presença alemã no Brasil.

Holofotes

Mas não só os hooligans ou neonazistas que estão na mira do Ministério alemão do Interior e dos organizadores da Copa. As autoridades estão atentas às ameaças de ataques terroristas. "Acho que esses grupos extremistas, de onde procedem as atividades terroristas, procuram essa visibilidade que a Copa do Mundo proporciona para expor as suas ‘idéias’", disse Marion, que citou a própria Alemanha como cenário dessa tétrica estratégia.

Durante a Olimpíada de Munique, em 1972, 11 atletas israelenses foram feitos reféns e posteriormente mortos num ataque do Grupo Setembro Negro. A sangrenta ação foi transmitida ao vivo a milhares de espectadores em todo mundo.

Cor

O preconceito racial é outro tipo de violência que preocupa a organização da Copa 2006. O presidente da Fifa, Joseph Blatter, afirmou que as novas medidas anti-racismo apresentadas pela entidade no início deste mês pela entidade serão usadas na Copa do Mundo deste ano.

"Agora temos os instrumentos e as regras para lidarmos com esse problema. Essa foi uma decisão de emergência em uma situação de emergência", justificou Blatter.

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