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Bernardinho disse que só continua na seleção após Pequim se houver um pacto pela permanência do grupo atual. | Fotos: Jonathan Campos. enviado especial/ Gazeta do Povo
Bernardinho disse que só continua na seleção após Pequim se houver um pacto pela permanência do grupo atual.| Foto: Fotos: Jonathan Campos. enviado especial/ Gazeta do Povo

Capitão diz que Brasil precisará de paciência

Giba preferiu se fechar durante os Jogos Olímpicos de Pequim. Está evitando dar entrevistas. Sempre que pode, passa correndo pelos jornalistas. Só fala quando é obrigado pela organização por ser o capitão do Brasil, como nas entrevistas coletivas após as partidas. Mesmo assim é curto e grosso. Responde o essencial e volta para o vestiário. Ontem, meio a contragosto, quebrou a própria regra. Parou rapidamente para conversar com um grupo de jornalistas brasileiros. Respondeu sobre pressão, assunto recorrente no time, e do duelo com os Estados Unidos, sua segunda final olímpica.

O que dá para falar desse confronto com os Estados Unidos, que ultimamente vêm levando vantagem sobre o Brasil?

Tem que baixar a adrenalina e começar a estudar o time deles o mais rápido possível. Precisamos de paciência para colocar a bola no chão. Tem de saber neutralizar os dois ponteiros (Priddy e Stanley), que estão jogando muito bem. A vantagem é que estamos defendendo legal, o que nos serve de termômetro.

O Gustavo disse que houve uma mudança de atitude em relação à Liga Mundial, por isso a classificação para a final. Você também concorda?

Atitude tinha, só não estava saindo naquele momento.

Em comparação ao título olímpico em Atenas, esta caminhada está mais difícil?

Falei desde o começo que este seria o campeonato mais difícil que iríamos enfrentar em oito anos. E está sendo. Nessa final estamos esperando cinco sets, com cada set com mais de 30 pontos. É preciso ter paciência e saber jogar mais uma decisão.

E a pressão que tem acompanhado o time desde a derrota na Liga Mundial, dentro do Rio de Janeiro?

Falo sobre isso após a Olimpíada. (CEV)

Bernardinho nem esperou o time ser bicampeão olímpico para desabafar. Ontem, após a vitória do Brasil de virada por 3 sets a 1 sobre a Itália (25-19, 18-25, 21-25 e 22-25), resultado que levou a equipe à decisão do título, amanhã, à 1 hora (de Brasília), contra os Estados Unidos, o treinador bateu com força nos críticos. "Somos um Brasil autofagista. Se a gente perdesse a semifinal, tudo seria esquecido. Bye-bye sete anos", disse, iniciando o discurso de protesto.

Incomodado com a série de críticas que acompanharam a seleção após a inesperada perda do título da Liga Mundial, cuja fase final foi disputada no Rio de Janeiro, o treinador deixava visível no seu semblante – sempre tenso durante os jogos em Pequim – que havia algo de errado. Era a angústia de quem se sentia pressionado por "quem não tem moral para julgar".

"É horrível. Ninguém deu nada para a gente e se acham no direito de criticar. Se perdêssemos hoje (ontem), pressão, Ricardinho (levantador cortado às vésperas dos Jogos Pan-Americanos, no ano passado, por ter batido de frente com o técnico), tudo voltaria à tona", ressaltou. "Me chamaram de traidor, nepotista e tudo mais. Só tenho esta cara de novinho, mas estou cansado", acrescentou, permitindo-se a um breve momento de descontração.

Bernardinho não sabe o que será do seu futuro após o duelo com os americanos. Ao mesmo tempo em que acena para a possibilidade de continuar mais um ciclo olímpico dirigindo a seleção, diz que gostaria de passar pelo menos seis meses estudando em uma universidade no exterior – e resolvendo problemas particulares.

"Se houver um pacto (com os jogadores), acho muito difícil não ficar. Quem sair vai sentir muita falta disso tudo", comentou, sem revelar qual o teor do pacto que o faria prosseguir com o trabalho, iniciado em 2001 e marcado pela conquista de inúmeros títulos, entre os quais o bicampeonato mundial (2002 e 2006) e o ouro em Atenas-04. O meio-de-rede Gustavo e o atacante Anderson já sinalizaram com a possibilidade de deixar o time após o encerramento dos Jogos de Pequim.

O pronunciamento de Bernardinho deixou por alguns instantes o importante confronto com os Estados Unidos em segundo plano. Porém, ontem mesmo, logo após o triunfo sobre os italianos, o treinador reuniu a comissão técnica e os jogadores para decifrar o rival, algoz do Brasil em duelos recentes – o revés mais emblemático foi também o mais recente: 3 a 0 nas semifinais da Liga.

"Antes era a Polônia, depois a França e agora os Estados Unidos que temos dificuldade de vencer", disse o líbero Serginho.

O vídeo mostrado foi o da apertada vitória dos ianques sobre a Sérvia por 3 a 2 pelas quartas-de-final do torneio olímpico. "Esse jogo serve de exemplo. Eles estão jogando bem o ano todo, encontraram uma causa (o sogro do técnico neozelandês da equipe americana, Hugh McCutcheon foi assassinado logo no começo dos Jogos). Mas nós também temos a nossa causa", afirmou, evitando revelar as motivações brasileiras. "Agora é final olímpica, não tem retrospecto nem favoritismo. É hora de matar, de sair sangue", completou o levantador reserva Bruninho, filho de Bernardinho, explicando a tática para afastar de vez a pressão dos calcanhares do pai.

Na TV

Brasil x EUA, à 1 hora, na RPC TV, Band, SporTV, ESPN Brasil e BandSports.

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