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Leonor trabalhando em um dos duelos entre Coréia do Sul e Taipei: "Custei a acreditar que estava mesmo aqui". | Jonathan Campos, enviado especial/Gazeta do Povo
Leonor trabalhando em um dos duelos entre Coréia do Sul e Taipei: "Custei a acreditar que estava mesmo aqui".| Foto: Jonathan Campos, enviado especial/Gazeta do Povo

Hoyama faz suspense sobre aposentadoria

Hugo Hoyama encerrou ontem sua participação na Olimpíada de Pequim, após a derrota do Brasil por 3 a 0 para a Suécia, que eliminou a seleção da disputa por equipes. E, enigmático, ameaçou recuar da idéia de se aposentar – que já havia sido abandonada após o Pan do Rio, no ano passado, quando se tornou o atleta brasileiro com mais medalhas de ouro no evento, nove.

"Pode ser, pode não ser", respondeu, ao ser perguntado se era sua última Olimpíada. "Estou tranqüilo, consciente de que até hoje dei o meu melhor. Desde que comecei a jogar, sempre quis representar o Brasil. Foram cinco Jogos Olímpicos e não ganhei medalha, mas sabia que era difícil. Sei que tenho chance de ajudar o Brasil", afirmou o atleta de 39 anos.

Ontem, Hugo atuou apenas no jogo de duplas, ao lado de Thiago Monteiro – os dois perderam para Jogen Persson e Par Gerell por 3 a 0 (11/7, 12/10 e 11/8). Como Thiago e Gustavo Tsuboi já haviam sido derrotados em seus jogos de simples, ele acabou não atuando mais e o confronto foi encerrado com 3 a 0 para os suecos.

Há uma lembrança da infância que Leonor Demário jamais esquece. Ela jogando pingue-pongue com os 12 irmãos na sala de casa, em Guarapuava, na região central do estado. O campeonato era animado. Tudo na base do improviso. Os meninos se encarregavam de procurar pedaços de madeira que pudessem imitar a rede e as raquetes. A mesa do jantar servia de campo. E a diversão corria solta, para alegria dos pais, que viam os filhos sempre por perto.

Aos poucos, contudo, Leonor começou a gostar e a exercer outra função no Torneio dos Demário. Era ela a encarregada por dar um mínimo de organização à disputa. Do regulamento às compras da bolinha na papelaria, tudo passava por suas mãos.

A brincadeira de criança virou coisa de gente grande a partir de 1986. Leonor, já professora de Educação Física formada, resolveu fazer o curso de arbitragem da Federação Paranaense de Tênis de Mesa, em Curitiba – havia mudado para a capital três anos antes. Acabou por se tornar juíza. E das boas, garante. "Era o caminho natural de quem gostava muito do esporte", conta.

Da pequena sala no interior do Paraná, para o mundo. Leonor está em Pequim representando a arbitragem brasileira nos Jogos Olímpicos. "Sou a única do país", alardeia a moradora do bairro Bacacheri, em Curitiba. "Para o árbitro funciona do mesmo jeito que para o atleta. A Olimpíada é o ponto mais alto da carreira. Já havia apitado Mundiais, Pan, mas nunca pensei que poderia chegar a uma Olimpíada. É mais um sonho que realizo", afirma.

A paranaense comandou ontem o jogo entre China Taipei (o nome com que Taiwan vem competindo em Pequim) e Coréia do Sul. Clássico oriental. Esbanjou categoria e em nenhum momento foi contestada pelos mesa-tenistas. "Não é um esporte tão difícil assim de arbitrar. Procuro prestar muita atenção, ficar concentrada, especialmente nos saques. É neste momento que o atleta pode se aproveitar de uma distração sua", comenta, citando em seguida os vários modos com que alguém menos honesto consegue burlar as regras do jogo. "Tem de ficar ligado no jeito de bater na bola, na posição e na raquete."

Esporte de pouca tradição no Brasil, o tênis de mesa não vai conseguir brigar por medalhas nesta Olimpíada, que ficará marcada apenas como os Jogos de despedida de Hugo Hoyama, titular da seleção desde Barcelona-92 e dono de nove medalhas de ouro em Jogos Pan-Americanos – recorde absoluto no país.

Sem concorrentes, o brilho da categoria em Pequim sobrará todo para a paranaense Leonor. "Em alguns momentos eu custei a acreditar que estava mesmo aqui", revela. Pode acreditar.

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