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Final do Pan de 2015, quando Fernando Reis conquistou o ouro ao erguer 427 kg  na soma das provas de arranque e arremesso. | Saulo Cruz/Exemplus / COB
Final do Pan de 2015, quando Fernando Reis conquistou o ouro ao erguer 427 kg na soma das provas de arranque e arremesso.| Foto: Saulo Cruz/Exemplus / COB

Aos 154 kg, distribuídos em 1,86m de altura, o principal nome do levantamento de peso do Brasil está preparado para a Olimpíada em agosto. Fernando Reis está recém recuperado de uma lesão no cotovelo e alcançou o peso que considera ideal para a categoria superpesado (acima de 105 kg).

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Da primeira Olimpíada que disputou, em Londres-2012, até o início desse ano, o plano do paulista de 26 anos era adquirir 10 kg, indo de 140 kg para 150 kg. No começo de 2016, entretanto, o técnico do atleta, o cubano Luis López, reconsiderou a meta. Acrescentou alguns quilos na balança para que o pesista chegasse nas mesmas condições dos favoritos ao pódio.

“Agora é só manter”, afirma o atleta, que está concentrado desde maio com a seleção no Rio, mas que quando treina em São Paulo costuma almoçar de duas a três vezes por semana na churrascaria. “Os garçons até me conhecem pelo nome”, ressalta.

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Como todo atleta, Reis não está livre de dieta. Mas no caso dele a ordem não é fechar a boca. É comer. Por dia, o halterofilista chega a ingerir até 11 mil calorias, distribuídas em sete refeições.

Só no café da manhã são 2 mil calorias, total que a Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda para um homem adulto ao longo de um dia inteiro.

Tudo para não perder peso, já que a cada dia de treino Reis gasta 3 mil calorias movimentando até 60 toneladas no haltere - seria como se a cada dia ele erguesse o equivalente a 60 carros populares ou a duas baleias jubartes.

“Para continuar grande eu preciso comer muito. E comer para mim não é prazer, é necessidade. Não dá para ter o tamanho de um animal e comer feito um passarinho”, compara Reis, que pelo metabolismo acelerado chega a perder até 3kg apenas dormindo. “Volta e meia meu técnico me acorda de madrugada para comer um pratão de macarrão”, afirma.

O dia do superpesado começa às 6h, com frutas. Após o primeiro treino, às 7h, começam as refeições mais pesadas. No café da manhã, oito ovos, três mistos quentes, um litro de suco de laranja e mais frutas. No almoço, pratadas de arroz, feijão, bife e batata à vontade, até ficar saciado. À noite, massas. Entre as refeições e os treinos, lanches com frutas e sanduíches, além de cochilos para recuperar a energia.

Atual nono colocado no ranking mundial, Reis explica que os 14 kg que adquiriu em quatro anos serão essenciais para tentar a primeira medalha olímpica do Brasil no halterofilismo.

Recordista dos Jogos Pan-americanos, com a marca de 427 kg (192 kg na prova de arranque e 235 kg na de arremesso) em Toronto-2015, o atleta espera chegar à média dos atuais melhores do ranking: erguer 440 kg (200 kg na prova do arranque e 240 kg na do arremesso).

Em Londres-2012, o iraniano Behdad Salimikordasiabi conquistou o ouro com 455 kg (208kg no arranque e 247 kg no arremesso). Já no último Mundial, em Houston (EUA), em 2015, o georgiano Lasha Talakhadze foi campeão com 454 kg (207 kg no arranque e 248 kg no arremesso).

“Para competir com os melhores eu precisava desse reforço no meu alicerce. Os quatro primeiros colocados do ranking estão nessa faixa dos 150 kg de peso corporal”, enfatiza.

Experiência

Além de peso, Reis também ganhou mais experiência para a Rio-2016. Não só na disputa da Olimpíada de Londres, mas no próprio ciclo olímpico.

Antes de alcançar o recorde no Pan, o halterofilista concluiu a faculdade de administração nos EUA, onde foi convidado a treinar em 2010 e aliou estudos aos treinamentos.

Na volta ao Brasil, em 2014, passou a aplicar todo o conhecimento esportivo e acadêmico que adquiriu na Universidade de Saint Louis, no Missouri, no gerenciamento de sua própria academia em São Paulo, a primeira especializada em levantamento de peso.

“Tem sido bem legal ver o aumento do interesse pelo esporte. Na academia, muita gente chega para praticar crossfit e acaba migrando para o levantamento de peso”, afirma Reis, que levou um das alunas da academia, Nicole Cintra, de 13 anos, para treinar no seu clube, o Pinheiros.

“Quando vi essa menina, na hora chamei meu treinador. Ela tem tudo para ser o futuro do levantamento de peso do Brasil”, aposta o homem mais forte do país.

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