Fenômeno da canoagem de velocidade brasileira, o baiano Isaquias Queiroz garante que desafia o tempo. Aos 21 anos, ele acumula três medalhas de ouro em Mundiais, fato pouco comum na modalidade, já que fisiologicamente o corpo de um atleta de sua idade ainda não chegou ao ápice de resistência física.
“Sempre ouvi dizer que o atleta só está no melhor do seu nível com 28, 30 anos. Eu sempre achei isso errado. Acabei provando para o mundo inteiro que na verdade não existe essa de idade no esporte. Existe a capacidade do atleta, do treinador, de você dar seu máximo”, diz o canoísta nascido em Ubaitaba, conhecida como a cidade das canoas, na Bahia.
Queiroz começou a treinar aos 11 anos, em um programa social. Hoje, considerado uma das esperanças de ouro para o Brasil nos Jogos Olímpicos Rio-2016, tem consciência do tamanho da pressão sobre seus ombros. Situação sumariamente ignorada. Apesar de o objetivo ser a Olimpíada, o pensamento é remada a remada.
“Eu faço meu trabalho, como qualquer atleta. Tive oportunidade de ser campeão mundial, bicampeão mundial, mas para mim quando um campeonato acaba é como se nada tivesse acontecido. Volto para o começo, do zero. Para no próximo campeonato ter resultado de novo”, explica o atleta de 1,75 m de altura e 84 kg.
A evolução física é evidente, mas já podia ser percebida no início. “Ele já tinha diferencial dos demais. Eram todos carentes, mas você via o biotipo diferenciado. Sempre foi assim”, conta Figueroa Conceição, primeiro técnico de Isaquias e hoje comandante da seleção feminina permanente, em Curitiba.
Além do porte físico privilegiado, Queiroz também tem outra característica de vencedor. A competitividade aflorada. “Ele não gosta nem de perder no videogame”, releva Figueiroa.
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Fator também ressaltado por Sebástian Cuattrin, maior nome da canoagem brasileira, dono de 11 medalhas em Pans. “O Isaquias é um fenômeno porque alia qualidade de um grande campeão: não tem medo, é novo e com uma genética muito boa“, confirma Cuattrin.
O senso de buscar a vitória a todo custo, porém, fica atrás do sentimento de grupo. No Mundial da semana passada, na Itália, Isaquias competiu na classe C1 200 m, na qual não é especialista, para tentar garantir a vaga olímpica para o país. Ficou com o bronze e a classificação, mas não disputou a prova de C1 1.000 m, uma das provas que disputará no Rio. “Abri mão em benefício do time”, fala. “Sem o coletivo o Isaquias não remaria metade do que rema hoje”, lembra o técnico da seleção, o espanhol Jesús Morlán.
“Meu técnico não me cobra para vencer. Me cobra para fazer meu melhor. Tenho certeza que medalha é o que não vai faltar para a canoagem brasileira”, conclui o fenômeno de 21 anos, o primeiro brasileiro a subir no pódio em um Mundial júnior (2011) e sênior (2013).
“Com fé em Deus também será o primeiro a conquistar uma medalha olímpica”, acredita seu descobridor.
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