“Operários” representam a torcida no clássico

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A função tem pouco brilho: basicamente destruir as jogadas adversárias. Mas o empenho com que encaram o burocrático setor defensivo no meio-de-campo encantou suas torcidas. Os volantes Alan Bahia e Leandro Doni­­zete transformaram-se em ídolos e são símbolos de identificação com Atlético e Coritiba, respectivamente, no clássico das 19h30 de domingo.

O tempo de casa ajudou os "operários" na intimidade com o público. Donizete acaba de completar 100 jogos pelo Coritiba. Marca ainda mais significativa para quem desembarcou no Alto da Glória de forma mais discreta possível, vindo da Ferroviária-SP.

Dia 15 de janeiro de 2008, ele foi apresentado à imprensa no CT da Graciosa, ao lado do meia Ma­­theus, uma indicação do ex-ídolo coxa-branca Alex. Dois anos depois, ninguém lembra mais do apadrinhado do craque do Fenerbahçe, enquanto o volante virou um símbolo coritibano – até homenagem em bandeira ele já recebeu da torcida.

"Cheguei de mansinho mesmo. Mas consegui aos poucos ga­­nhar o meu espaço. Hoje posso di­­zer que tenho uma grande iden­­tificação com o clube. Com certeza vivo no Coritiba o melhor momento de minha carreira", diz.

Por sua vez, Alan Bahia superou nomes imortais da história do clube ao tornar-se o atleta com mais jogos com a camisa rubro-negra: 328.

A trajetória no time principal começou em 2002. "Faltou gente no treino e chamaram um atleta da base. Ele já chegou junto, marcado, dando pancada, no bom sentido. Eu pensei: ‘Que neguinho abusado’", relembra o auxiliar técnico Nílson Borges. "Mas ali ele mostrou que tinha condição de ser um bom jogador. É esforçado, treina muito forte, não reclama de nada e ainda é gente boa. Tornou-se uma referência no grupo", elogia.

A oportunidade, bem aproveitada, veio após a maior conquista atleticana, o título brasileiro de 2001. "Fui muito bem recebido, o que me deu confiança", conta o jogador, que aprimorou o combate e desenvolveu o talento ofensivo. O que o coloca um pouco em vantagem em relação ao volante alviverde.

"Ele é um excelente jogador. Está vivendo uma fase boa, que além de marcar está conseguindo fazer gols. Não vamos poder dar espaço para ele", alerta o co­­xa-branca. Alan Bahia retribui. "O Donizete já tem uma história no Coritiba. É um jogador de pegada forte e tem um bom passe".

Em clássicos, Alan Bahia também é recordista no atual elenco. São 16 partidas, com 7 vitórias, 6 empates e 3 derrotas. "O clima do jogo sempre é diferente porque envolve muita coisa, tem a rivalidade e qualquer jogador quer participar. Mais ganhei do que perdi. Te­­nho boas recordações", conta. A melhor delas na primeira fase do paranaense 2008, no Couto Pereira quando entrou no segundo tempo para ajudar na marcação da equipe e acabou fazendo o segundo gol do Fu­­racão.

Donizete elegeu a goleada por 4 a 2, no ano passado, como marco no duelo com o maior rival. "Nosso time estava trocando de técnico na época, o René (Simões) tinha assumido há pouco tempo e essa transição sempre é complicada. Mas jogamos muito bem, foi uma partida quase perfeita", relembra. Para este novo confronto na Arena, ele espera muita dificuldade. "Vale as vantagens para a segunda fase, então precisamos nos concentrar ao máximo".

Coritiba filmará compradores de ingresso

As 2 mil entradas disponibilizadas para a torcida alviverde para o duelo da Arena, às 19h30 de do­­mingo, começam a ser vendidas hoje, a partir das 10 horas (segundo a assessoria do clube), nas bi­­lheterias da Rua Mauá, no Couto Pereira. Os sócios do Coxa terão prioridade na compra. Já o Atlético anun­­ciará hoje se terá ingressos disponíveis para a sua torcida além da carga de 22.700 destinada aos sócios.

O esquema de venda contará ainda com uma inovação para inibir tumultos na casa do rival. Todo torcedor que adquirir um ingresso terá a sua imagem re­­gistrada em vídeo e pode ser usada em eventuais episódios de vandalismo ou violência.

O excedente, que dificilmente passará de 500 ingressos, se refere à atualização das mensalidades e uma sobra do que poderia ser disponibilizado ao Coritiba. A carga prevista era de 2.300, mas houve um acordo entre os presidente dos clubes para a cessão de 2 mil tíquetes para para as torcidas adversária nos jogos em cada estádio.

Representantes do Atlético, do Coritiba e da Polícia Militar se reúnem hoje pela manhã para tratar das estratégias de se­­gurança para o clássico.

Entre as medidas já anunciadas está a proibição do acesso ao estádio de torcedores com uniformes e faixas alusivas às torcidas organizadas. Instru­­mentos musicais também não serão permitidos.

A PM pretende intensificar a fiscalização com o uso de agentes do serviço de inteligên­­cia filmando o público do gramado. As revistas – especialmente porque a divisão das torcidas serão em dois setores – serão reforçadas, assim co­­mo o número de seguranças par­­­­ticulares.